O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Como tocar o meu e o teu silêncio, como amar as palavras que teimam em não se fazer ouvir? 
Como controlar o nó na garganta. 
Como inundar o quarto da tua poesia que me preenchia os dias. 

São Gonçalves.
Foto Edite Melo.

Jamais me habituarei às cores do inverno,
padeço da nostalgia do verde das sementeiras a germinar.
Dos imensos espaços aquosos onde os nenúfares cresciam na paz instaurada dos lugares.
Habita-me esta doçura primaveril e doce que aquieta o pensamento.

São Gonçalves.
Não há silêncios gravados nas paredes das casas habitadas pelos muros. 
O vento sopra devagar, o sol aquece as velhas relíquias que um dia alimentaram o coração. 

Não há silêncios nem distancias que me impeçam de chegar. 

São Gonçalves.
Não havia naquela casa rosas vermelhas sobre mesa
nem sequer havia a mesa posta
singelas as paredes vazias de artefactos inúteis
singelas as mãos que afagavam o corpo cansado

Havia a luz de um coração enorme
e a dádiva de todo sentimento reciproco.

São Gonçalves.
Suspenso o amor,equilibra-se no fascinio do tempo e na magia das estações.

São Gonçalves.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Não sei porque te perdes às vezes em caudais de violência estrema, porque sabes que é em rios de águas mansas onde encontras a serenidade das coisas simples.
Simples as palavras, simples os gestos, simples a grandiosidade das pequenas luzes que te iluminam os dias sombrios. 

São Gonçalves.
Esperava por ti na passagem das horas. 
O teu cheiro inundava o espaço, a luz quase ausente escondia a emoção. 
E eu que não queria saber da ausência, procurava te nas palavras que magicamente me acalmava o coração. 

São Gonçalves.
Intenso o olhar despindo a vontade de ir mais além, súplica vertiginosa, de acordar em outros mundos. 
Não fora a sua vida uma viagem silenciosa ,dentro do seu próprio corpo. 

São Gonçalves.
Descanso na sombra da lua
E resguardo segredos imensos
Numa sombra
O vento sussurra melodias
Carícias de desejos
In submissos.

São Gonçalves.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Tela - Edite Melo.

Abandono-me à serenidade das coisas simples
da minha boca soltam se emoções iperceptiveis ao olhar
e o coração acalma-se das inquietudes diárias
no sussurro da voz apaziguadora das tormentas
Desenham-se no céu pequenas desertos de areias negras
sombrios os desejos de permanência inquieta

inquieto o corpo na passagem da terra
templo de fogo e esperança,o sorriso
é o meu porto de abrigo onde navego

A claridade é um território imenso onde albergo os sentidos
a sensibilidade permanece inerte em campos de flores
inventadas e plantadas em terras férteis.
O céu atravessa este imenso caudal de emoções
a vida derrama e sentencia as mais împensaveis nostalgias
nascidas da impernanencia das coisas mundanas.

Resguardo-me dos anseios que não tem nome definido
a deixo a nostalgia rumar a uma terra sem nome.

São Gonçalves.
Adentra me um silêncio de ondas gigantes. 
Entrego me a um mar de sentidos
A vertigem da sombra beija me os lábios sedentos. 
A memória do abraço inunda me o corpo. 
E eu resisto...

São Gonçalves.
Num mar qualquer no fim do mundo, fomos o princípio do caos e a coragem de dizer no silêncio a vontade de encontrar o equilíbrio. 
No renascer da aurora a cor do horizonte pleno de promessas lilases. 
Ah! Flor solitária procurando o beijo do dol.
Ah! Vida renascendo num mar de flores moribundas. 
Ah! Dias de cores serenas ....

São Gonçalves.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Fica. ..diz me desse canto esquecido na melodia do tempo, desse teu abraço forte e reconfortante, diz me dos dias onde nos encontramos e esquecemos o mundo. 

Fica. ..e acolhe no teu peito o meu abraço silente e doce. 

São Gonçalves
O discurso que a nossa inspiração nos dita é também um caminho para a compreensão dos nossos infinitos eus. ..

São Gonçalves. 
Anseio o momento certo para acolher as palavras. ..as minhas. ..as tuas. ..as palavras que não tem a cor da noite. ..mas as chegam silenciosas no orvalho das manhãs claras de primavera. 

São Gonçalves.
Escondes o que resta dos sonhos num bocal desfocado...
O desencanto apoderou se das tuas mãos vazias e as palavras são o único refúgio de lucidez. 

São Gonçalves

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Pintas o rosto com um sorriso tímido para esconder a sombra que trazes junto ao peito ,e no olhar o reflexo do mar, quem sabe o espelho da bravura da alma. 
Resistente o palco onde te perdes em sorrisos e abraços. ..resistente a máscara dos dias amargos. 
Olhas o mundo, o reflexo do que resta de uma humanidade quase imperceptível, apenas o coração imenso te impede de desistir da luta.
Olhas o espelho e nada vês. ...e o espectáculo da vida continua. ...

São Gonçalves.
Carregava a serenidade num manto de flores silvestres, quando a noite impiedosa lhe despertava os temores. 
Sentia o cântico da lua ,cheia de mistérios. Tacitamente envolvia os dias no aroma fauve das coisas invisíveis. 

São Gonçalves.
Foto-By Mikael Jansson

Descansou o corpo na sombra da noite
nos encantos rendados com que iluminava a pele
Magico o momento em que tudo esquecia
e se perdia na penumbra do fumo
do ultimo cigarro.

O esquecimento era agora o balsamo
com que suavisava o corpo e a alma.

São Gonçalves
Trago as mãos abertas ao mundo
O cinzento do tempo riscado nas linhas da vida.
Acolho te na concavidade de um gesto simples, na memória dos sorrisos abertos ao desconhecido. 
Ofereço te palavras de conforto, silenciadas na distância.

São Gonçalves
Foto- José Duarte.
Se as palavras não se tivessem calado na ponta dos meus dedos
descreveria então a brisa do vento na folhagem nua
corpos dançando ao ritmo do vento
a eterna magia dos finais de tarde ,o sobressalto da lua.
A beleza de um mundo virgem de progresso
as árvores silenciosas calando os mistérios do tempo

Cantava-te uma melodia ao entardecer
a memória do beijo do sol
nas frágeis arbustos votados ao esquecimento.

Se as palavras não se tivessem calado nas ponta do dedos.

São Gonçalves

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Foto-Ricardo Costa.

Atravesso os dias num vagar distante

o corpo baloiça nas águas de um rio calmo

de um lado para outro .

Arrastam-se as redes e as memórias

os corpo esperando um sinal em cada lado da ponte.



A passadeira vazia de vida

e os abraços que se esperam sempre do outro lado

alongo o olhar num fim de tarde calmo

a cidade agita-se ainda ao longe

o mundo fervilha tão longe de mim



Sabes que adormeço todos os fins de tarde

embalada pelo som do vento

a luz tão doce beijando-me o rosto.



Contaria todos os dias da minha vida

uma velha história desta cidade

para que as águas não deixassem de brilhar.



São Gonçalves.
Cada pessoa guarda em si um alheamento profundo que só a própria conhece. 

São Gonçalves.
Não se aparta a beleza escarlate da rosa ,do sangue que faz jorrar os espinhos.
Na cidade silenciosa toca se uma melodia , embalando serenamente o desejo de plenitude num espaço tão frágil entregue aos caprichos do vento. 

São Gonçalves.
Não sei onde guardei as palavras que trazia comigo de ti. 
Deixei-as algures no cansaço dos dias e no olvido do tempo. 
Descanso o corpo sobre o mesa fria, desejo apenas silenciar os objectos que murmuram desejos. 
Invento novas memórias num espaço desabitado, onde o meu corpo é apenas um ponto de encontro às escuras. 

São Gonçalves.
Às vezes o tempo pára, às vezes esquecemos os sonhos e somos a soma de todas as tempestades. 
De sombra em sombra, os trilhos da luz aninham-se a horizonte, e apenas o olhar descansa. 
Nas imediações do tempo o que virá será sempre uma surpresa. 
O silêncio que permanece nas vibrações do que ainda pertence ao meu corpo. 

São Gonçalves.
Encontro-me entre o sonho de um céu azul que desponta além mar
e o emaranhado dos dias despidos de cor.
Encontro-me nas entranhas de um abismo silencioso
a mera existência de quem procura uma saída.

São Gonçalves.
Desenha - se a luz da esperança no terreno fatigado de chuva. 
Abraça- se a fragilidade do corpo com lágrimas que se roubam ao tempo. 

Se é de sal que se temperam os dias, jamais esqueceremos o sabor do mar bravio correndo nos sulcos do rosto. 

São Gonçalves.
São tantos os rostos que mostramos ao tempo.
São tantos os olhares que
Transpõem os vitrais dos dias
Alegrias e tristezas mescladas
Na tela da vida. 

São Gonçalves
Recordou então que num dia cinzento poderia encontrar toda a luz
que precisava para embelezar as pedras onde palmilhava as horas.

Num pedaço de solidão a cor pode ser a beleza dos espaços agrestes.

São Gonçalves.
Abraça-me na distancia
no silêncio das sombras do corpo.

Silente o desejo que se esconde do olhar.

São Gonçalves.

Foto-Dila Sá

um presentinho desta noite.


Quase tocava a magia das ondas nesta distancia intransponivel
quase bebia do sal, dessa maresia que inundava o espaço.
O mar revolto das manhãs,as sensações aflorando à flor da pele
a nostalgia de uma tarde de verão,a magia da brisa acariciando a pele...

Quase te senti flor de mar perfumando o recanto do meu quarto.

São Gonçalves.
Trago-te o céu azul nas mãos
para inundar de mar a ausência de luz.
Trago-te a ternura das manhãs
a vontade da caricia que aquece o corpo.

Trago-te a vida ,e o aroma das marés .

São Gonçalves.
Um dia quando as palavras se vestirem de novo de mistérios , inventarei novos desafios ,espalhando emoções em folhas virgens, à espera de serem tateadas.

São Gonçalves
FotoEm Spellbound

Contorna o céu azul das madrugadas
veste a solidão num prantear de asas
rasga o tempo
o vento inunda o olhar de mil desejos
o abraço que ficou por dar
o sentimento inequívoco
que transcende o espaço sideral

Sente essa brisa de tempo abraçar o corpo frágil
sente a nostalgia da lua inundar a saudade.

São Gonçalves.