domingo, 6 de dezembro de 2015

Algures entre a lembrança e o esquecimento perdi a ingenuidade, 
Escalei as paredes do tempo
Venci as agruras do inverno 
Beijei com ternura a suave brisa da primavera. 
Pintei de azul as manhãs 
Vi o meu tronco florir
No encantamento das madrugadas.

Algures entre uma estação e outra
Venci o medo
Derrubei muralhas cinzentas
E solitária beijei o sol ameno de inverno.

São Gonçalves.

Foto Maria José Coelho
De que servem todas as teorias do mundo
Todas as que tentam decifrar a humanidade
Em compêndios cheios de palavras
Sem vida, sem emoção!
De que servem afinal
Os grandes debates filosóficos…
Se é na luz da aurora
Nesse beijo magico entre o céu e o mar
Nesse amarelo abrasador
No azul apaziguador dos anseios
Nessas cores sublimadas da natureza
Na fragilidade volátil do ar
Que a vida encontra sentido!

São Gonçalves

Foto- Antonio Mattozi
Talvez seja o toque da nostalgia a lembrar -me o Outono, ou a ausência das tuas mãos no branco macio sobre a minha pele. 
Talvez seja este subtil murmúrio das cores a lembrar o quanto me trazes de luz.

Há uma aurora que espera por nós 
No coração da madrugada pincelada de cores marborizadas. 

São Gonçalves.
Tela - Edite Melo.
Há dias assim 
Em que só um pequeno quarto azul 
Um olhar, uma porta aberta para o mundo 
O silencioso murmurar do vento 
A brisa aconhegante de um abraço 
Nos lembram sentimentos de plenitude.

São Gonçalves
A minha amiga Sonia Micaelo, ofereceu-me um pedaço desta tarte, virtualmente claro. Eu dei-lhe umas palavrinhas.

Atravesso o tempo , o espaço, a distancia virtual ,o momento
a oculta imensidão da memoria
de olhos fechados absorvo o cheiro
tacteio silenciosamente os odores das cozinhas antigas
poeira de canela no ar, imensos sentimentos
esvoaçam no tampo da mesa, à superfície da pele.

Nada é transcendente no sabor do poema
nem na brancura do naperon
nem o acordar na fragançia das manhãs
apenas o odor das mães me abraça
no céu da boca
um pedaço de tarte de maçã!!!

São Gonçalves
São as palavras e os afetos que nos tornam pessoas melhores.
Um jardim ensolarado
Risos abertos
Uma árvore cúmplice
Uma imagem de ternura 
Às vezes o silêncio
Apaziguador das dúvidas e dos anseios
Catarse das horas de ausência
É nas palavras e nas imagens
De um quotidiano implacável
Que nos revemos
Nos cumprimos.

São Gonçalves