sexta-feira, 29 de junho de 2012

No fresco orvalho da manhã
escrevo a vida que corre
e partilho as sombras
que ninguém vê.
Retalhos de mim
nos vapores de um rio quente
... na alegoria da nascente
ribeiros que correm
na intermitência do tempo
águas serenas ou bravas
encontros desmistificados
nas correntes petrificadas.
Revolta a jusante
nos espaços infinitos
na imperceptível distância
nos enigmáticos silêncios.
Encontro ilhéus
que não me falam
mas tanto dizem
de um secreto mundo
de palavras tocadas pela brisa
escritas submergentes
destes pedaços que me compõem.
Pelos pensamentos que partilhados
não morrem com o ser
transformam-se em vida
multiplicam-se em soberanas
metamorfoses ...
...e...
juntam-se aos retalhos de alguém
numa manta eternizada
complexos bordados da existência
manufacturados pelas mãos
retratos do ser
eternos jardins de sentires
exalando odores de vida
são aromas que ficam
mas eu vou…
descansar dos cansaços
na sombra de um esplendoroso abraço
no abandono de um murmúrio
ou talvez me evapore em retalhos…

Jc Patrão/São Gonçalves

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