segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O meu tempo parou
Perto da meia hora
Daquele dia que não alcancei
o tempo de me sentir criança
na ingenuidade do mundo
na timidez sobria do corpo
marcada nos ponteiros de um relogio
na sombra de um corpo esquecido
de quem pouco me lembra
...
e,mesmo assim
carrego-o ainda para lá das poças
reminiscentes da chuva
que não me fez crescer…
Atravesso a velha cidade da memória
observo as ruas desertas
e cruzamentos
plenos de janelas
que me confundem
e me observam
apenas vidros ou seres
as trespassam
criticam a minha guerra…
Se souberes de que solidão
são escritas os meus dias
e de que fragancias se perfumam
as minhas noites
Se souberes ler nas imagens interditas
que fecundam os meus olhos
de ternura e compaixão
se souberes
largarei as horas
por instantes
e com as mãos nuas
pintarei estas paredes
desoladas
que não me pertencem
mas são deste meu mundo…
Pintarei o céu de cinzento
os corpos ausentes em
preto e o branco
talvez por magia no meu olhar
amanhã nascerão de outra cor…
e os ponteiros do relógio
dançarão em outros momentos
em ritmo de fervor…
Jc Patrão & São Gonçalves


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