quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Num corpo desnudo
sem trunfos nem promessas
sem pinturas detalhadas
ou cicatrizes arrancadas
aos calabouços
da frágil existência
mas ricos de paradigmas
de vozes interiores
que gravam a alma
...
de sons,palavras,enigmas
contundentes perspectivas
tatuadas na superfície
da epiderme
e ainda assim...
faltam sarrabiscos
na página dos amores
aqueles sem sentido
nem recordações palpáveis
entre teias e cores pastel
aqueles que nunca souberam
marcar o tempo em sinónimos
abrangentes ,signos reveladores
de desinteressadas promessas
ou de dadivas inesperadas.
O tempo nada guardou
na superfície dos dias
talvez por isso
apenas resta aquele meio tronco
que permite respira
ainda que já sem face.
a memória do efémero
aquela que nunca foi
de relevante importância...
Nas linhas de um pequeno papel
sepia ,denunciando outro tempo.
Encontro a marca a negro
decalques dos amores
onde escrevi a negro
linhas invisíveis de palavras
as inconstâncias do tempo
espalhadas no mundo
pelos caprichos do vento.
Incontornavel é a certeza que
algures resiste ainda o livro
onde deveria repousar
este pedaço de papel bolorento
e inacabado...

Jc Patrão&São Gonçalves
 

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