segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Era um corpo escondido na palidez da parede,nua e fria

escondido no silêncio amordaçado de gestos

nu e frio o silêncio do granito cinzento

e os restos de corpo eram a luz que iluminava a escuridão

o corpo que se escondia de todos os excessos
...



excesso de amor,excesso de dor

de palavras,de silêncios,de murmúrios.

de palavras segredadas ao cair da noite

excesso de mundo espelhado nos gestos

mundanos de vestes luminosas.



na passagem do tempo,nas esquinas das avenidas

fantasmas,a noite e a lucidez caminham de mãos dadas

efémero o rosto cansado que se esconde

a alma projectada num ângulo maior

a razão era uma lamina aguçada rasgando o altar dos deuses.



irresistível o desconhecido ,a fina dor

rasgando o corpo idolatrado pelas palavras

o mundo das quimeras,a ilusão projectada

em mil pedaços de tamanhos diversos.



A noite ,o céu ausente de luar

o corpo mutilado nos escombros de um pensamento

as sombras secretas de uma luz

que se se acende no silêncio

nas fracturas simuladas ,nas crateras existenciais



haveria de esperar que alguém lhe descobrisse o rosto

sem mascaras ,sem adornos,apenas a verdadeira imagem

de um homem nas linhas de um poema.


São Gonçalves.

1 comentário:

  1. Rita Pais O código perfeito para a percepção do Outro, pisando com firmeza cada borderline do Self. Imagética plasmada na mais pura filigrana do verbo. A complexa simplicidade de um anseio nuclear, elevada a um expoente significativamente qualitativo. Requintadamente elaborado e fluido como água brotando da nascente! Gosto, São, muito. Assim como a gosto a si, minha querida! Um beijo muito grato por tamanha beleza...

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