domingo, 3 de março de 2013

Haveria de rasgar os céus na clara luz da manhã

cortando os ventos gélidos que sopravam do norte

e cantar cantico agudo no ouvido da desventura
...
seria a raiva ,a dor soltando-se do corpo

como se esvai a vida na sonambula amargura

de um pássaro ferido.



Haveria de contar as horas de eterna procura

as tempestades abrutas agitando o coração

do rio desgovernado e descer,descer bem fundo

as profundezas da alma ,esquecendo o corpo

como se esquece a infância nas horas sombrias

de uma vida perdida.



Haveria de esquecer os dogmas de fé

caminhos juncados na memoria da infância

não seriam os deuses que semeariam

no seu coração o desencanto

mas os homens ajoelhados em preces

soltando da boca palavras ocas

julgando os outros sem saber

das origens profundas das coisas.



Haveria de silenciar o mundo ao redor

de gritar no silencioso templo em que rezava

o seu modo,o seu hino,a sua busca



Haveria de gritar ao mundo

LIBERDADE.


São Gonçalves.

1 comentário:

  1. Simplesmente lindo este poema,uma suave e melancólica tristeza que embala a alma.

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