terça-feira, 22 de outubro de 2013



Atravessam-se os anos em complicidades interiores,a alma sujeita às mutações dos desejos,arrancam-se os silêncios da boca sempre calada.
E era por dentro que a vida se agitava num turbilhão imenso,
os sonhos,os desencantos,a vida e morte
corroíam-lhe as entranhas,sufocavam-na as vezes
Quando passava na rua,ninguém a via,era quase sempre um vulto silencioso
atravessando espaço.
Trazia dentro de si tantos mundos,tantos sonhos resguardados dos olhares indiscretos,calava-os,como calava as dores,como calava a fúria de viver ,essa que apenas se entrevia no olhar. Era preciso perscrutar bem fundo no silencioso verde dos seus olhos,para saber a cor dos seus dias e os sons das suas noites.
As vezes temia as horas,a inconstacia dos dias
o desencanto do mundo albarroava as manhãs de luz
que nasciam com ela todas as manhãs.
Estas eram agora as madrugadas mais difíceis,
era tão difícil o desapego
de si,dela ,dos outros
dos que partiram tão prematuramente que abriram sulcos
no seu coração vagabundo.
Agora neste pequeno espaço onde o tempo denunciava a escassez de esperança
onde as magoas revisitavam a casa sem avisar
ali marcara a hora da despedida
de todos as caricias ,de todas as palavras
que se tornaram impossíveis
nessa imperfeição que corrói o pensamento e o corpo.
Decidira ali naquele silencioso momento
de renascer cada dia mais forte
embalada na espessa nevoa dos dias de inverno
mas com luz firme no olhar
marcado com os sulcos do tempo.

São Gonçalves.

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