quinta-feira, 10 de abril de 2014

A poesia dos dias.
Na sequência do tempo 
a musica dos dias invade o espaço
ritmos cadentes debaixo de céus azulados
Abro a janela e um assobio de vento 
beija-me o rosto
as palavras silenciadas
os gestos tímidos
Há no ar uma brisa de felicidade
visto-me de roupas simples
desenho no rosto um sorriso.
Renasço da hibernação do inverno
a luz da primavera incendeia-se no olhar
e alma renasce na poesia em flor.

São Gonçalves.
Há uma luz silente que abraça meiga mente os passos curtos e velados dos dias sem história. 
Há um mundo de grandezas menores que brilham nas pedras do chão. 

Portas semi abertas ao encontro das coisas simples. 

São Gonçalves.
O corpo exausto acusa a passagem do tempo ,esconde as raízes longas na distância. 
Um olhar cativo espreita uma luz ainda que fugaz.

As alfazemas perfumam os dias e embelezam um rosto perdido de ausências. 

São Gonçalves.
Como se há de entender o inteligível
Como se há de soltar uma dor que se aprisionou cá dentro
Uma saudade que fica em silêncio
Como preencher um vazio que se quer pleno de significado. ..
Como sentir a nudez inteira aprisionada em afagos de lembranças. 
Como explicar que continuas cá dentro, como se fosse ontem.

São Gonçalves.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Silenciosos os passos que me afastaram do centro do universo. 
De pés descalços, rasguei o asfalto ,sangrei a dor de tanto caminhar. .
Disse te voltaria ,mas a rota só me afastou de ti.

São Gonçalves.
As estações.

Os anos passam no seu corpo de mulher
vê as luas alternarem-se
as mudanças acontecerem no seu corpo
As manhãs soltam-se no calendário
sem mesericordia.

As estações assinalam-se em equinocios
o equinócio de outono
o equinócio da primavera

E ela sente-os no corpo
sente os anos transfigurar-lhe o olhar
a vida desenrolando no cântico das aves
e força da correnteza do rio.

As estações gravadas nos gestos
nos ciclos da terra e na sua feminilidade
nascente…

São Gonçalves
Mais uma antologia em que participo.

A cor do sonho.

Desabitadas as paisagens onde a luz é mais intensa

Neste pequeno espaço,nesta bucólica visão

descanso os sentidos,fugazes os ruídos

as vozes da ilha ,ausentes,silêncio apenas

Não há melhor ar ,nem a sede de viver

é tão real nesta paz acolhedora ...

Atemporal a cor ,o azul cristalino do mar

nesta intenso abraço...

Velejo em espaço abertos e silenciosos

entre praias imaginarias e desertas

de areais brancos e sedutores

ébrio o olhar na magia da luz

na solidão pacificadora de uma cabana

perdida entre o céu e o mar.

Se me afundar no oceano

visível no canto do olhar

perderme- ei na luz intensa

que me enlaça.

São Gonçalves.

Silencioso o cântico das aves migratórias, a magica nostalgia das viagens ao centro da alma. Dispo me dos abraços , as ausências já não abrem clareiras no meu coração. 
Corri cidades, abri portas em cidades longínquas, perdi o medo perdendo me. 

Adormeci nos teus braços ,e voltei ao centro do desejo. 
O corpo albergue do teu
limite de sensuais ternuras.

Encontrar me assim despojada do passado, no embalar do teu canto silencioso e mágico.

São Gonçalves.
Oculto o rosto da palavra
Num gesto frágil
Sedutor o reflexo da aurora
Vigilante o sossego
Em que o conceito resiste
A sombra oculta do sol a penumbra dos dias
Na nudez da palavra
O grito abafado
A imensidão da tua vida
Desenhada
No branco da espuma
De um rio à nascente.

São Gonçalves.
Do longo inverno o silêncio das árvores maduras, moldam se no corpo raízes de flores azuis ,o abraço desperta os sentidos. 
A palavra toma forma num despertar azul, e o poema transpira o odor das flores silvestres. 

São Gonçalve
A plenitude é um estado de alma onde se conjugam dois factores, o bem estar dos que nos rodeiam e o nosso próprio bem estar. .
A felicidade dos outros e a nossa felicidade. 

São Gonçalves

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Não sei porque me desdobro em rostos imensos
tentando escapar aos naufrágios.
Não sei porque ainda me doem os silêncios
os desencantos cravados na alma
sem voz, os enigmas perseguem-me.

Mas descansem os ventos que tentam derrubar a embarcação
ela feita de mastros gigantes,invisiveis
forças antigas que a guiam na escuridão.

São Gonçalves..
Acolho no meu regaço a lágrima da noite. 
Ainda que o dia me mostre os desencantos do mundo ,ainda há o sal da noite temperando a esperança. 

São Gonçalves.
Tela -Tiago Paço. 

Chego de noite num mar negro
Ondulação cativa de um espaço longínquo
De tantos mares salgados já nevegados
Sobra-me o sal das lágrimas
As que caíram nas minhas mãos
Côncavas de acolhimento.
Toco o céu,
Vibrações novas na alma
De um conhecimento mais profundo,
Reconheço o azul do mar
Do céu
Do azul de um olhar cativo.
Reconheço a vida
Onde mergulho todos os dias
Como se me perdesse
Em abismos de procura.

São Gonçalves.
Das verdadeiras emoções apenas se vislumbra o eco num espelho desfocado feito de de ondas nocturnas e de luas longínquas. 
De mim ,esta que sente a vida na palma das mãos, entre_ abre se a porta de noturnos desejos ,o corpo sombra de um desejo ,esperando o abraço da noite silenciosa e cativa. 

Haverei de encontrar- te no reflexo do mar, ondulação do corpo em êxtase. 

São Gonçalves
As coisas só acontecem quando estamos preparados para que elas aconteçam.

São Gonçalves.
Foto-Ekhart Tolle.

"Amanhece devagar como num sonho.
Há sempre uma janela aberta.
O escuro não permanece..
Nem a ausência...nem o silêncio.
Vamos partir para a luz."

Lilia Tavares-in Parto com os ventos.

Como num sonho despertamos devagar
devagar olhamos o mundo
a luz frouxa da madrugada
entrando assim,devagar
devagar esquecemos os vazios
respiramos profundamente
as palavras que acalentam a alma
devagar caminhamos
juntos,de mãos dadas.

São Gonçalves.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Porque todos os dias
somos a força quem vem do alto
Guerreiras de um templo 
ancorado nos sonhos
de esperança

a água,o fogo ,a luz
os braços abertos
albergando a ternura

porque todos os dias
fazemos filhos
rasgamos o ventre
oramos ás divindades
da terra

Porque todos os dias
somos mulher.

São Gonçalves.
Como esquecer o que nunca foi? Como soltar os laços que se fizeram no tempo e no espaço?
Como libertar o que tanto se quis?

Aos bandos as aves partem deixando as mãos vazias de tudo. 

São Gonçalves.
Não há horas marcadas para incetar novos voos ,juntos haveremos de partilhar a ternura das manhãs e a cumplicidade das palavras .
Darei a volta ao mundo, mas não esconderei nunca a magia da minha alma peregrina.
Dos ventos ,nada sei ,apenas quero sentir a brisa acolhedora do teu abraço no limite do meu corpo.

São Gonçalves.
 
Sem querer há uma vontade enorme de partir, mesmo quando a vontade é de ficar e a primavera se avizinha. 
Aninho me nos braços despidos pelo rigor do inverno, vejo te partir e nem sequer sei dizer
Adeus. 

São Gonçalves.
Recebi esta tela das mãos da artista plástica, Manuela Pinheiro Iris...foi assim que ela me descreveu...e eu fiquei imensamente feliz
Obrigada Manuela.

Suaves as cores com que me vestes
o encanto das flores campestres
que soltas ao vento.
Podia deixar a brisa ser cor
ou ouvir o canto suave das papoilas
podia ser folha e fruto
a flor de laranjeira
ou aroma do alecrim.

Revejo-me mar de primavera
ondulando nas searas
a ternura cadenciada dos gestos

De movimentos suaves me pintaste
fios de vento soltando uma aragem fina
a menina de sonhos infantis
voando nas cores da primavera.

Podia ser eu,ou tu
ou a criança desprotegida
a quem deste um pouco de luz esta manhã

Sei da cor e da vida com que delicadamente
me vestes nas tuas mãos benévolas.

São Gonçalves.
Foto Luís de Jesus. 

A fragilidade dos recomeços equilibra se na força invisível. 

São Gonçalves.