domingo, 27 de setembro de 2015

Reescrever as manhãs num poema, 
Soletrar o silêncio às gotas da chuva, e olhar o dia com olhos de carmim. 
Guardar no ventre o grito da dor, tantas vezes silenciada, e na memória essa infatigável beleza maternal. 

Ver -te em todas as coisas 
Na flor delicadamente poisada na fragilidade vidrada da luz

Ver -te deslizar na gota de chuva
Na caneca do café
Frio de tanto esperar

Reescrever o teu corpo junto ao meu
Na sombra da palavra
E do desejo

Ver - te sempre do outro lado da janela, da margem do infinito abismo.
Do rio caudaloso de metáforas
Ver - te do outro lado do poema.

São Gonçalves

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