domingo, 5 de março de 2023


 Pertences a um tempo de incertezas.


Nada do que vês pertence-te. A casa onde habitas, a mesa onde comes, a cama onde dormes. A fugaz matéria da existência

resistes aos dias, à implacável monotonia das horas

conheces as dores do corpo e o vazio da alma, e mesmo isto é passageiro. Dedilhas entre os dedos um mantra de esperança e de fé

sabes que cada dia tem um princípio e um fim. Oscultas nos sentidos os sons da impermanência do universo

regressas lentamente à génese da vida, preenchendo de significado a matriz divina

este céu, esta mescla de cores crepusculares não são o arquétipo do fim, mas o símbolo de um luminoso devir.

São Gonçalves.

Foto- Edite Melo

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