segunda-feira, 18 de setembro de 2023


 Poderia mover-me sobre a terra, sobre o mar, no imensurável espaço do universo. Poderia sentir o mundo de formas e intensidades variadas.

Mesmo assim, nunca deixaria que a fragilidade do meu corpo impedisse uma ligação à matriz, à essência da vida.

Saberia que a finitude é uma palavra inexistente no vocabulário dos que acreditam.

E, se eu tivesse, ainda, a capacidade de tocar com os meus dedos a cor deste céu, saberia que os meus mais secretos desejos, não passariam de memórias guardadas no imenso repositório universal e na vivência de vidas anteriores a esta.

Saberia que a paz e o sentimento de plenitude que, por vezes habitam-me, são os mesmos que me redimem das dores, dos desencantos do mundo e dos homens.

Contemplo este céu, de um fim de tarde, de um mês de Agosto, na minha vida. Adentro num espaço de silêncio, e por momentos, regresso ao essencial.

São estas as cores, esta profundidade, que designam a efemeridade de tudo, é esta imensidão do universo que me diz da minha pequenez na terra.

São Gonçalves.

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