domingo, 24 de junho de 2012

DO LIVRO
Como um rio/comme un fleuve
... Pastelaria estudios maio 2012

A cidade vibra aos sons das gentes que correm, as ruas
repletas de marionetas na procura de um sentido, são gentes
que se escondem e se perdem nos sons de um mundo em
constante evolução, e eu procuro nelas o olhar, as palavras
que definam a sua existência. Pergunto ao homem que se
passa, diz-me do teu silêncio? O homem cansado das
palavras, dos sons que teimosamente lhe perturbam os
sentidos, responde-me. - Do silêncio que falo é o silêncio

perfeito do silêncio que oiço, ondas em que me deito neste
mundo de ruídos catalogados por ausências sonoras que nos
desgastam. E eu, falo-lhe do meu silêncio. O meu silêncio é o
mundo onde me refugio, um mundo encantado de palavras
rasgadas, pintadas na folha de um papel branco. O meu
silêncio tem cores, melodias fantásticas, é nele que me deito
na hora dos cansaços, é nele que acordo na hora dos abraços.
Não há choros, lamentos, gritos desesperados; há vida, força,
encantamento, há paz, serenidade e as ruas desertas numa
imaginária cidade. Abro livros, leio com fervor as histórias
escritas, procuro a descrição da paz, e sinto nelas tanto de
verdade, e um mundo novo a desbravar, fascínio, ilusão...
Personagens inventadas num mundo virtual... e são tantas as

palavras... Gritam vozes lacrimejantes que descrevem a minha
biografia… dizes-me tu, nesse cansaço de palavras que te
preenchem os dias. Então, inventas um mundo, num
recanto qualquer dessa cidade que te viu nascer. E és só tu o
refúgio, crisálida escondida no silêncio do bater de asas de
uma borboleta…

São Gonçalves/JC Patrão



La ville vibre aux sons des gens qui courent, les rues grouillent
de marionnettes à la recherche d’un sens - des gens qui se
cachent et se perdent dans les sons d’un monde en évolution
constante et je cherche en eux le regard, les mots qui
définissent leur existence. Je demande à l’homme qui délire:
parle-moi de ton silence! Et l’homme fatigué des mots, des
sons qui ne cessent de lui perturber les sens, me répond: - le
silence dont je parle est le silence parfait du silence que
j’entends - des ondes où je me couche dans ce monde de
bruits catalogués par des absences sonores qui nous
consument. Et moi, je lui parle de mon silence. Mon silence
est le monde où je me réfugie, un monde enchanté de mots
déchirés, peints sur la feuille de papier blanc - mon silence a
des couleurs, il a des mélodies fantastiques, c’est en lui que
 je me couche à l’heure des fatigues, c’est en lui que je me
réveille à l’heure des caresses. Il n’y a pas de pleurs, pas de
lamentations, pas de cris de désespoir- il y a de la vie, de la
force, de l’enchantement, il y a la paix, de la sérénité - et les
rues désertes dans une ville imaginaire. J’ouvre des livres, je
lis avec ferveur les histoires qui y sont écrites, je cherche la
description de la paix et je sens en ces histoires tellement de
vérité, un monde nouveau à défricher, la fascination,
l'illusion... Personnages inventés dans un monde virtuel… et
ils sont tellement nombreux, les mots. Des voix en pleurs
crient et décrivent ma biographie… me dis-tu, dans cette
fatigue de mots qui te remplit les jours. Alors tu inventes un
monde, dans un quelconque recoin de cette ville qui t’as vu
 naître. Et ce n’est que toi le refuge, chrysalide cachée dans le
silence d’un battement d’ailes d’un papillon…

São Gonçalves/JC Patrão



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