domingo, 21 de abril de 2013

Pudera esconder a vulnerabilidade dos dias de chuva

e afagar os desejos mais íntimos

num abraço colorido e intenso,infinitamente longo.

... E seria então a vivacidade crescente na pele das flores

nos traços finos traçados a branco

na epiderme trasparente de luz.


Ah! A alma isenta de dor,alquimia da cor laranja

entranhada na fragilidade de uma flor

esperando o renascer das primaveras.


São Gonçalves.
Entre olhar e ver há uma grande distancia....ver implica inter-agir ,comprender..ir ao mais fundo dos detalhes...olhar...pode-se olhar para muitas coisas e nada ver....

São Gonçalves.
Quando nos sentimos perdidos ,deviamos saber contemplar a fragilidade e a beleza das flores.

São gonçalves
Saber apreciar a passagem do tempo,a transformação do corpo ,e aceitar ...a beleza da plenitude interior.

São Gonçalves.
Visto-me de esperança no coração das folhas de outono

e desnudo a alma em palavras já gastas

no abraço da estação do estio.


São Gonçalves
saber encontrar-se consigo proprio também é uma arte que se aprende...e somos sempre um mundo a descobrir...

São Gonçalves.
Foto- Antonio Mattozzi.

Quando os amigos partiram,eu fiquei ali olhando o mar

a doçura ausente dos abraços cantada no murmúrio

... das ondas calmas,como calmas eram as lágrimas

descendo do meu olhar.

Quando entendi o vazio ,eu fiquei ali olhando o mar

a caricia do vento ,num eterno olhar o horizonte

e continuar a amar o mar.



Era então manhã clara quando a distancia

me fez olhar o mar

e o areal longinquo ,esperando

o meu regressar.


São Gonçalves.
Pertenço-me na solidão abstracta

nesta coragem intima de olhar o vazio

nesta vontade de olhar o céu de olhos

... fixando a terra.

Pertenço-me na cor íman de luz

na corrida das horas

na perseguição da paz

intimo templo brilhando

no coração da alma.

Pertenço-me na ausencia de mundo.

São Gonçalves.
Olhava o espelho ,devagar,sem pressa de chegar.

Contemplava as rugas,os olhos cansados

a pele baça ,os contornos disfarçados.

... Sabia-se longe do brilho e da luz

da primavera.


Contemplava o espelho ,a figura fina

a saudade tatuada em cada linha

a luta,o medo,a dor.


Contemplava o espelho e soube naquele

instante...envelhecera....


São Gonçalves.
Escondia ao mundo o rosto,não era de olhares que saciava a sede da vida.

Trazia apenas as cores do mundo na ponta dos dedos,

e era na ponta dos dos dedos que se inscreviam as cores

... da alma.


São Gonçalves.
Sentir o apelo do silêncio para que as palavras não ultrapassem o espaço da razão.

São Gonçalves.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quem poderá ouvir o grito musical do coração?

Quem,dos passantes esquecidos do presente

... parará para escutar o cântico melodioso

da primavera?

Não pertenço a este mundo de promessas adiadas

escondo-me nos sons dos acordes do violino

por mim passam milhares de pessoas

apressadas,esquecidas,amarguradas

e eu ,toco-lhes a sinfonia das flores

o cântico dos pássaros!

Encosto-me à parede das casas ,vazias

sou mais um vulto sem rosto

ninguém para par me ver

e eu embalo os passos dos homens apressados!

Breves as estações que envolvem os sons do mundo.


São gonçalves.


De mãos abertas persigo as estrelas

e o silencioso colorido da primavera

que se espalha nos templos

... da memória.

Na palmas das mãos o tempo

correndo ,a metamorfose do corpo

sangrando o mundo

que habita em nós.

Da palma das mãos

uma nascente de luz

jorrando em cascatas de purpuro aveludado

como um cântico anunciando

uma luz divina esperada.

 Abrindo as mãos ao mundo

sinto o passar das horas

num impenetrável silêncio

sondando o infinito

mundo das estrelas.


São Gonçalves.
Deste lado do rio abraço o espaço

a luz do meio dia beija-me o rosto

oiço o marulhar silencioso das ondas

... as árvores clamam sinfonias

de pássaros migratórios.


Espero-te neste lado do rio

na margem do meu coração

olho para dentro

onde desse lado da casa

me esperas


e eu sorrio-te como se abraçasse o mundo

tão cheio de luz e de ti.


São gonçalves.
Na solidão do cinzento

na efémera passagem das horas

ainda deslumbrava

... um raio de sol

resquícios de um abraço

profundo e sereno

a cor com que lavava

a alma e o rosto,talvez.


A flor dos dias de luz.



São Gonçalves

Foto-Sandra Kavas
No coração do olhar a indizível luz

o intrasponivel silencio

que instintamente esconde
...
a invencível força de acreditar.


São Gonçalves.
Inconfundível os gestos,as cores guardadas religiosamente

no interior da casa ,na eterna nascente dos sonhos

e da ternura.

... Nas madrugadas da vida ,assisto ao passar dos dias

dentro de um mundo semi-destruído

as paredes cansadas do bater do sol,denunciam a passagem das estações.

Abertas as janelas trazem ao mundo resquícios de ternura

a beleza de um gesto azul.


São Gonçalves.

domingo, 14 de abril de 2013

Poucas são as palavras que saem agora dos meus dedos,

guardei-as num recanto qualquer esperando a renovação.

Entretanto aguardo o sol que já brilha por cima dos prados
...
estéreis e cinzentos consequencia do longo inverno.

Mas nem tudo se perde na frieza das manhãs

habita-nos sempre a ternura das primeiras flores

e os gestos de dádiva silenciosa.



São Gonçalves.
Haverias de tatuar-me o rosto de diamantes
amar o mar azul dos meus olhos
e ser o gosto de romã nos meus labios
salpicados do gosto dos teus beijos
doce pecado saciado!

São Gonçalves.
Abraçou as palavras escritas em noites de solidão

abraçou o mar,fez-se a-mar.

desenhava nas linhas brancas do rosto
...
os traços da nostalgia...a ténue marca da saudade.


De olhar ausente ,olhava para dentro de si

e sabia que era no silêncio das palavras

que preenchia os espaços vazios.


Era então a força solitária num mundo de figurantes frágeis.



São Gonçalves.
O tempo que passa com as estações

com a corrente dos rios

a pressa de chegar a alguma lado
...
ou a a lado nenhum.

O corpo esguio trespassado

pelas horas sem fim

sem fio......


A certeza de ser sentimento

que pernaçe no tempo

Haver a amizade nos espaços

vazios,no silêncio.

Ser sem amarras sem cobranças.


Ser e estar na longa senda

das palavras que designam

Amizade!

São Gonçalves.
Caminhava um caminho e palavras,percorria alamedas de escuras sombras,sem saber o destino,ou a direção,apenas caminhava.
Não saberia nunca se algum dia se encontraria ,sabia apenas que o caminho tinha de ser feito nos dois sentidos.
As vezes de dentro para fora,outras de fora para dentro.
Quando chegaria.?
Que importa a chegada,o tempo da plenitude ,era o tempo das palavras e dos passos na serenidade do olhar procurando a luz.

 São gonçalves.
Porque para alem do céu cinzento e dos dias carregados de bruma,ainda conhecemos os caminhos da ternura,e o cheiro matinal da luz.

Carregamos nas mãos o tempo das flores e a leveza do sol,em uma manhã de primavera tardia.


São Gonçalves
No limiar da nostalgia,cantarei ,um cântico novo

soletrado no vazio dos muros,no vácuo da memoria

frágeis os sons,os contornos do rosto
...
abstractos os gestos,a sensível linha da pureza

delineada em tons chocolate e laranja

e,em finos traços ,os odores quentes

ecoarão na sala as emoções...



Contigo,traçarei as palavras e as cores

em tons que exprimem o amor,a paixão

haveremos de revisitar a dor

nessa fina melancolia desaguando

de mansinho na palma da mão.

 
Será um momento único na vida

esta exaltação de sentidos

correspondencias do mundo terrestre

mistura de cores,perfumes e odores

numa simbologia de luz e de sombras



E nos pilares dos templos íntimos

guardaremos o segredo das palavras e das cores

guardando a essência da expansão das coisas infinitas.

São Gonçalves.
Delineou com lapis invisivel a cor do silencio

a palavra discreta

e sentiu-se rainha num mundo de sombras
...
longe dos olhares

que gritam luzes e trasparencias

inquietas.


Do silêncio haveria de construir castelos

resguardo das luzes imaginarias.


São Gonçalves.
E no fim do dia encostou o rosto as mãos

com que delicadamente pintava o mundo

e serenamente desenhava
...
numa dimensão nova

os sonhos que ainda teria de descobrir.


Era o tempo da calmaria,e da espera

num areal junto ao mar.


São gonçalves
De tanto ver,de tanto ouvir

calou fundo a voz

guardou a palavra
...
nas mãos agora

fechadas ao mundo.



Absorvia apenas o sentido

abstrato da silente

busca interior.



São Gonçalves.
Poderia não sentir o peso do mundo na sua constante mutação.

Não queria sentir a dor que lhe desfigurava o sentir e os sentidos.


... Fechava os olhos e contemplava o interior

seria ali que se refugiaria das constantes tempestades

das grande solidões.


Seria ali a força avassaladora das noites escuras e frias.

São Gonçalves.
Na vulnerabilidade das coisas

assisto ao ocaso de um tempo

a um re-verso de sentires
...
a constante efemeridade

dos momentos.


Guardo no peito gotas de ternura

aquela que retive de um sentimento

de uma lágrima,de um gesto.


Vejo o tempo passar e as correntes

arrastam-se no tempo

já não sinto o mesmo que sentia.
 
 
Apaguei as sombras inquietas

que ferozmente escureciam os dias

Queria entender o propósito

dos silêncios e das palavras

queria entender os gestos

mas nada se aclarava no olhar.


Nada persiste ,os gestos,os sons

a vitorias e as derrotas

dissolvem-se na passagem do tempo.

 
Nas minhas mãos já não sinto

a vã ilusão da eternidade adormecida

apenas guardo como pérolas preciosas

as gotas cristalinas que restam

da ternura que me restou.


São Gonçalves.

Foto-Kolbjørn Pedersen

Sonha o tempo futuro e esquece as pétalas perdidas no chão da vida.

Esquece emfim as pétalas que jazem no chão do esquecimento,

abre o olhos e respira a melodia do dia seguinte.
...
Respira os gestos que te tocam a alma

e sente a caricia suave do novo amanhecer.



Saberás de que são feitos os silêncios e a presença cativa

dos que na distancia ainda te guardam no coração.


São Gonçalves.


Hoje podia gritar ao mundo que a luta tinha valido a pena.

Mas hoje também sabia que era no silêncio que as vitórias eram

o doce mistério da sua caminhada.
...

De olhos fechados,contemplava os sonhos e a magia das cores do mundo.


São Gonçalves..
Podia escrever sobre os rios que correm nas entranhas da terra
sobre os amantes que se beijam ao luar
nas noites quentes de Agosto.
Podia escrever a solidão serrada
a dor marcada nas entranhas da fome.
... Podia calar a voz e amordaçar o desejo de liberdade
escrever sobre ti sobre mim
a indiferença dos gestos,o silêncio das horas vazias.
Podia escrever em vários dialectos a caminhada das palavras
e mesmo assim sentiria no peito a fragilidade dos gestos .
Contemplaria as palavras com um olhar novo de espanto
caminharia no poema com passos de lã
e adormeceria no regaço da esperança
esperando serenamente o acordar de uma nova manhã.
 De palavra em palavra, de poema em poema
seria sempre um caudal imenso a deslizar no leito das emoções
e colheria de cada um deles o mel da ternura guardado em ânforas de saudade.

Ah! e no vento das imensas colinas
haveria sempre de bailar no desejo infinito de ser um espírito em liberdade.

 São Gonçalves
Por aqui na ponta dos dedos onde traças o preto da noite

e escreves o mar calmo das noites de verão.

Fechas os olhos e vês os barcos navegando
...
na escuridão ,e mesmo assim traças no rosto

o sol,e o mar azul e o céu.


No teu rosto sereno desenhas cores de um arco-íris

atravessando as folhas de papel

e escreves a cor do teu mundo ,a cor da alma.


Na periferia dos sentimentos avistas caminhos novos

e traças a cor da vida sentida...na pele.


São Gonçalves.

Contemplava a luz do outro lado da janela.

Timidamente esperava a caricia do sol

e a vertigem do momento silenciado
...
era agora uma sombra ajeitando-se ao momento

presente.


De olhos fechados sentia o mundo ao redor

e sabia-se conhecedora das batalhas vencidas
Poderia temer as avalanches silenciosas do destino

mas agora ,agora saboreava a doce caricia

da paz reencontrada.


São Gonçalves
Olhar o brilho nos olhos e seguir em frente
encontrar a força nas tormentas
e ser àgua e arvore e a semente
e ser a luz na mais tenebrosa tempestade.

Olhar o sorriso e acreditar que vale a pena
a corrida entre anos ,nas sendas da idade.
São Gonçalves

terça-feira, 2 de abril de 2013

Não era preciso acordar na memória os dias de luz.

Não era preciso percorrer caminhos de longas palavras.

A verdade trazia-a na palma das mãos

... calor que espalha as palavras em frases com sentido.


No sopro dos dias,ainda antevia estrelas a brilharem na ponta dos dedos

na vaga esperança que iluminassem os que a acompanhavam,na longas distancias.


São Gonçalves.

Fantasia era não querer nada e querer tudo
arrastar-se pelas ruas do silêncio
e esquecer a palavra adormecida
na cama ainda desfeita.
Fantasia era não beber o vinho
rubro da ultima colheita
... não se deitar nas searas douradas
estendidas na terra quente
da ultima monção.
Audaz era a coragem de enfrentar
os ventos agrestes do desalento
e reinventar um novo caminho.
Audaz o lugar do fugaz poema
aguarela de cores que muda um destino.

São Gonçalves.