domingo, 1 de novembro de 2015

Partem as mães de madrugada, partem com a neblina fria que flutua no ar
Esse fio de solidão planando no ar
Deixando a casa e o colo desabitado
Levam com elas a ternura e a memória
O caudal das lembranças correndo na represa dos olhos
Os cheiros a alfazema e alecrim
O ondear das vagas no peito
Agitado das noites sombrias e tristes.

Partem as mães de madrugada, partem com as dores do parto
Essa dor fina que antecede a luz
O corte do cordão sangrando na pele, na alma
O sangue correndo nos poros
Na dor dilacerante da ausência.

Partem as mães de madrugada, e o silêncio é agora
A cor das vestes com que se cobre o corpo.

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