domingo, 10 de abril de 2011

Mar prateado



A cidade submersa nas brumas da manhã
já nada resta dos sonhos
apenas um corpo a deriva
perdido.

Viro as costas ao mundo
...esqueço os restos do calor dos corpos...
das palavras escritas
nas cartas que um dia te escrevi.

Não te enviei nenhuma
atirei-as ao mar
afoguei com elas as memórias
as caricias marcadas no corpo
marcas dos teus dedos .
Olho o mar prateado
nesta manhã cinzenta escura
como a minha alma
espelho dos meus olhos
imagem desenhada
desde o dia em que partis-te.

E sigo viagem
mar adentro
num corpo submerso
vestido de negro
a espera da libertação
corpo leve
perdido nas asas
da nuvem branca
que me espera
a poente.

São Gonçalves

1 comentário:

  1. Marear as recordações e iniciar um recomeço é a ciência dos sábios, mas um bom poema.

    Beijinhos

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