nas formas do meu corpo
ergo-me em pedaços amassados nas tuas mãos
fragmentos ocres, vestidos remendados
cerzidos no tear do maior artesão.
Ergo-me devagar nas lezirias douradas
trigais imaculados trazendo no ventre a razão
Desfaço-me aos poucos do negro dos meus olhos
e do peso antigo das memorias já gastas e esquecidas.
O meu corpo já não é o templo onde te entregavas em rituais
de oferendas imaculadas.
As noites deixaram para traz as sombras
vestígios de lágrimas derramadas em cálices de loucura.
Agora apenas me visto do dourado
dos campos onde descanso o meu olhar
e do céu vejo cair véus de finas sedas,
brancas,imaculadas
invento um novo ritmo
de cores e matizes
e no luar das manhãs de primavera
desperto do sonho na ilusão
de me saber "Intemporal"
São Gonçalves
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