O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 8 de julho de 2012

Renasço do ventre da terra em barro moldado

nas formas do meu corpo

ergo-me em pedaços amassados nas tuas mãos

fragmentos ocres, vestidos remendados

cerzidos no tear do maior artesão.


Ergo-me devagar nas lezirias douradas

trigais imaculados trazendo no ventre a razão


Desfaço-me aos poucos do negro dos meus olhos

e do peso antigo das memorias já gastas e esquecidas.

O meu corpo já não é o templo onde te entregavas em rituais
de oferendas imaculadas.


As noites deixaram para traz as sombras

vestígios de lágrimas derramadas em cálices de loucura.


Agora apenas me visto do dourado

dos campos onde descanso o meu olhar

e do céu vejo cair véus de finas sedas,

brancas,imaculadas

invento um novo ritmo

de cores e matizes

e no luar das manhãs de primavera

desperto do sonho na ilusão

de me saber "Intemporal"

São Gonçalves

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