domingo, 30 de dezembro de 2012

O que vos posso desejar para além de tudo o que se tem desejado.
Que o novo ano seja repleto de luz....de cor...que nos possamos encontrar por aqui,entre as palavras e os silêncios,a presença e a ausencia,e que nestes intervalos sejamos nós ,com tudo o que de melhor temos para oferecer uns aos outros.
A todos um bom ano
São Gonçalves

Esperei a hora certa para soltar ao vento as palavras.

Sim ,porque as palavras também são caprichosas,nem sempre estão ali à nossa espera na pontas dos dedos.

... E os dedos estão muitas vezes ásperos do frio dos
Invernos,como os galhos daquela árvore nua

que teimosamente se mantém firme,apesar das tempestades.

Esperei a hora certa,para contemplar o céu azul,de um dia claro,o olhar erguido,sem pestanejar.

E podia ficar ali horas,na quietude do espaço esquecida do tempo que passa

A vida é esta sucessão de imagens,entre o verão e o inverno,entre o fim e o recomeço.

Entre as noites e os dias,a solidão e o aconchego,um ano que termina,um outro que recomeça.

E no fundo tudo fica igual a si mesmo,só o nosso olhar muda.

E se durante todo este tempo conseguíssemos esquecer do frio,dos dedos ásperos,e soubéssemos apenas olhar o céu,

acariciar o rosto com a brisa do vento,com as sedas de esperança.

Para tudo há uma hora certa,até para ilustrar uma imagem.....

São Gonçalves.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Há uma serenidade inesperada em nada esperar uma maturidade acolhida nos gestos ,na aceitação da mutação constante das coisas.Nada pode mudar o percurso das águas,apenas nos resta contemplar a corrida do tempo nas sombras do corpo.

São Gonçalves.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Insegurança!


A espera condiciona os gestos

o corpo nu e calado...anseia
...
a alma vazia de vida...suspira

na mudez do espaço a angustia

o terrível silêncio do mundo

a coragem ausente...ausente...


Se pudesse saltaria da janela

se pudesse abraçaria os pássaros


O sonho perdido algures na estrada

a incapacidade de seguir em frente

de olhar o verde profundo

do olhar amante...do mundo

essa incapacidade de se levantar...


Se pudesse afastaria o medo

se pudesse pintaria de novo o céu.


São Gonçalves.

No caminho da descoberta instala-se o silêncio ,

o vazio,a cor da rocha íman transportador das energias do fundo da terra.

Onix a pedra ,a força das entranhas na natureza,resíduos de outras eras,

de outros mundos que acalma os temores,as angustias das noites.

As sombras e a luz num único elemento.
...
Enigmas dos antepassados,protetores da coisas terrenas..

Pudesse eu carregar na dureza da pedra escura que trago colada ao peito

toda a luz invisível que transparece no ângulo do olhar.

Pudesse eu levar-te a cor da esperança que se exaltam nas palavras.

nos pingos da chuva ,nesta nova era prestes a começar

Não saberia apenas dizer-te das sombras que a pedra afasta na sua capacidade única de protecção

Deveria dizer-te de toda a luz ,de toda a coragem ,da unidade ,do absoluto transcendental,

que transmitem as tuas palavras e que seria preciso aclamar.

Não deveríamos caminhar apenas na sombra

na ausência de mitos protetores.

E no crepúsculo da vida veríamos o paradoxo do tempo

a eterna dualidade do corpo e do espírito,da luz e da sombra.

Onix a pedra preciosa,o cristal do silêncio,o principio do vazio da alma.

Ágata preciosa que nos une neste mundo terreno,e onde as almas

se unificam muito além para lá da dimensão do mundo.

Atravesso os rios calmamente,onde as palavras ainda jorram de um fonte inesgotável

e onde eu tu somos a agua que faz correr os leitos de dimensões varias e transcendentais.

Deveríamos ser a luz constante transfigurada em palavras

enigmas seculares na força do sol ,magnetismos rochosos de um novo tempo

de um novo olhar.



São Gonçalves.


Parabéns Dolores,um beijo grande.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Trazer no olhar o mundo
a alma inteira em imagens
poder ver a cor e a luz
numa noite de escuridão
e ser muitas vezes a
a escuridão em dias
de grande claridade.
Ser um mundo dentro
de um outro mundo.
Não querer sentir no rosto
a imensidão do mar
as horas de um tempo
que não para de passar.
Os anos,os meses
a passagem vertiginosa
nas marcas do corpo.
E o lugar sempre imóvel
da alma intemporal.
São Gonçalves.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012


Nostalgias de uma manhã de Natal.


Vivo na urgência dos dias
neste tempo de incertezas constantes
o frio que fere a noite corta a face das ruas
da cidade onde vivo.

Apesar da paisagem ser agreste e cinzenta
não me atinge o corpo por enquanto.

Trago colado ao peito
as memórias dos Natais passados
os odores da mesa sobriamente
recheada de sorrisos tímidos
no rosto de uma velhinha.

Trago a luz do meu país gravada
nas curva do meu olhar
e esta nostalgia fina que desperta
que me abate a cada manhã
neste dia de Natal.

São as ausençias dos que já partiram
e dos que ainda são presença
nesta longínqua distancia
e és tu figura ausente nesta manhã
na minha casa,mas tão presente
em cada palavra que escrevo.

Nesta manhã fria onde se comemora
o nascimento de uma criança
ou luz que renasce a cada manhã.



São Gonçalves

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A todos os meus amigos quero desejar um santo e feliz natal.
Que o menino Jesus traga na sua luz a esperança e a coragem necessaria para enfrentar mais um ano.
Boas festas a todos.
São Gonçalves

domingo, 16 de dezembro de 2012

Antologia- lugares e palavras.
editora o lugar da palavra-20112

Porque amanhã é Natal.

As ruas desertas ecoam um ultimo grito
o mendigo sozinho,esquecido no seu cobertor
restos de jornais esquecidos
restos de vida no seu corpo franzino
...
sustem ainda um ultimo sopro
a vida suspensa nas gotas brancas
de neve caída dos beirais…

Porque amanhã é Natal

A viúva esquecida no seu leito
de dor e saudade
esquecida dos homens que gerou
restos de amores,de sonhos
canta uma eterna melodia
restos de infância....

Porque amanhã é Natal
A criança sozinha no seu mundo
órfã da vida,de sonhos
o ventre vazio,o olhar distante
num mundo que nunca conhecerá
solta um sorriso inocente...
Porque amanhã é Natal

O poeta escreve o lado belo da vida
com o fulgor da juventude
só ele acredita na força da palavra
na luz dos seus versos
na esperança divina
na magia do um novo nascimento
Porque amanhã é Natal.

São Gonçalves.

Porque Natal é sempre que brilha uma luz diferente no olhar de cada homem.

Uma luz de esperança.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Era um corpo escondido na palidez da parede,nua e fria

escondido no silêncio amordaçado de gestos

nu e frio o silêncio do granito cinzento

e os restos de corpo eram a luz que iluminava a escuridão

o corpo que se escondia de todos os excessos
...



excesso de amor,excesso de dor

de palavras,de silêncios,de murmúrios.

de palavras segredadas ao cair da noite

excesso de mundo espelhado nos gestos

mundanos de vestes luminosas.



na passagem do tempo,nas esquinas das avenidas

fantasmas,a noite e a lucidez caminham de mãos dadas

efémero o rosto cansado que se esconde

a alma projectada num ângulo maior

a razão era uma lamina aguçada rasgando o altar dos deuses.



irresistível o desconhecido ,a fina dor

rasgando o corpo idolatrado pelas palavras

o mundo das quimeras,a ilusão projectada

em mil pedaços de tamanhos diversos.



A noite ,o céu ausente de luar

o corpo mutilado nos escombros de um pensamento

as sombras secretas de uma luz

que se se acende no silêncio

nas fracturas simuladas ,nas crateras existenciais



haveria de esperar que alguém lhe descobrisse o rosto

sem mascaras ,sem adornos,apenas a verdadeira imagem

de um homem nas linhas de um poema.


São Gonçalves.

No fundo da noite ,

a luz, a cor

...
o raio cintilante

rasgando o ventre

da escuridão

a curva do tempo

os estilhaços do vento

cristais dispersos

na pele

nas sombras do mar

a-mar a cor

dispersa em fragmentos

geometricamente

alinhados

velas de esperança

navegando num espaço

sideral

e eu amo

cada pigmento

visto e revisto

o corpo da emoção

a marca da água

salpicada

de pedras preciosas

a vida navegando

nas linhas precisas

a terra

a luz

a lua

a alma ali

tão feéricamente

exposta

na mudez

de uma alma

NUA!


São Gonçalves.
Foto-Kim....

Quando as palavras desenham os contornos do rosto

os símbolos alastram-se em significados diversos

...
e o mundo explica-se nos contornos do olhar

na nítida luz iluminando a sobriedade dos gestos

escondidos do criador.


São Gonçalves

Porque nunca sabemos de antemão

a cor dos gestos,o significado das emoções

A coencidência do acaso

faz da cor do céu mais azul.....


...
Ah os acasos que nos atiram para o incompreensivel das coisas

para a infinita consciência das correspondencias divinas.


São Gonçalves.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Cerraram-se os olhos na primavera dos dias

e o silêncio entra de repente pela porta

agora fechada ,

...
Ali no sitio das palavras

mora agora uma borboleta colorida

lembrando a doçura e os gestos suaves

e eu aqui de olhos semi-cerrados

abraço o vazio onde habita

por agora,o vácuo da imensa dor.


São Gonçalves

Foto-Francesco Sambo.

Comme un déluge le silence
S’abat sur le corps
Sur les mains tremble
L’infini du monde
...
La parole se cache
Sur le moment
La vague ferme, féroce
Crie la rage
D’une mer étrange…
Miroir de l’âme
Du monde…


São Gonçalves

Peregrina nos dias ausentes de sol

clamo um sonho novo

que se desprende dos cabelos

...
longos ,borboletas esvoaçam

ensinam-me caminhos novos

ângulos de ternura,desenhada

no céu cinzento.


Esqueço a chuva,elevo o rosto aos céus

e abraço com audácia um coração liberto.

São Gonçalves.

No silêncio da casas sopra a brisa do tempo

nas vidraças semi-abertas esvoaça uma leve

caricia que mansamente se aninha no meu olhar

...
descansado das lutas.


Acolho a caricia no meu regaço

e parto tranquila para uma nova noite

onde oiço o doce murmurar de um rio distante.


São Gonçalves

Tela-João Mario.

Há uma certa magia na claridade da manhã

o tempo parou nas mãos do pintor

...
instantes de luz nos contornos das casa

e a vigilante ternura de um rio

silencioso e sereno banhando os pés da colina.


Há uma certa clarividencia ilustrando o cenário

a pureza cândida de uma flor purpura

e isto tudo olhando os cantos da sala.


São Gonçalves.

Foto-Kim......

Chega a um tempo em que tudo muda,

guardam-se as velhas cartas escritas

...
amarelecidas num bau de memorias

e o tempo gasta-se na construção

de sonhos novos.


Chega a um tempo em que se recomeça novos ciclos

inventam-se novas palavras,novas histórias....


São Gonçalves.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Desenham-se nos contornos do rosto o desejo escondido,aromas de luz e de sombras albergadas nas esquinas do sentir
Sentir a imensidão da ternura,o toque aveludado dos dedos,a convulsão do desejo guardado na efémera epiderme,albergue da paixão e das memórias e dos dias
Singela a pureza,singela a escuridão das sombras que escondem a verdade ,a verdade de querer.de querer sempre prolongar o odor do perfume dos amantes
Querer ser a luz projetada nas linhas do rosto,querer ser o amor que teimosamente se aspira nas pétalas da verdade , desabrochando aos poucos,como uma rosa purpura que se trás junto ao coração
Gostar do odor ,do gosto da terra que se evapora nas crateras,do odor da terra em plena noite de verão,gostar de ti como uma lua prateada que ilumina
os corpos cansados da entrega.E respirar isto tudo no silêncio do olhar escondido,num rosto saciado e pleno das noites que foram de desejo e entrega.
E continuar a ser a luz ,a sombra,o amor e o desejo,e voltar ao mesmo lugar,onde se mistificam os corpos nos altares onde apenas uma pequena luz jorra, e ser palavra e poema,e ser rosa e diadema.
E ser eu e tu ,na vertigem de uma noite de estrelas cadentes .....
São Gonçalves.