O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Tela Edite melo

Turqueza o mar


...
De olhos semi-cerrados

entre as cores e a luz

escondo a escuridão

num recanto do olhar

deixo-me levar

pela luz ténue

turquesa,o mar.


Ilhas perdidas ao centro

vestidas da cor da terra

cobertas de véus

a esperança delicada

nas vagas algas.


Gravitam desejos novos

no coração do oceano

entre a melancolia

e a saudade.



São Gonçalves.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Foto.Em Spellbound

Misterios no olhar.

Encosto-me a borda do tempo
...
as minhas mãos estão calejadas

do tempo ,do vento agreste

da ternura oferecida

nas manhãs de inverno.

No meu olhar ainda trago

a vida toda que vivi.

O amor ainda se lê

nas curvas do meu corpo

escondido no avesso

do meu lenço escuro.

Brilham os olhos

de uma esperança nova

quando te vejo

trago no fundo da alma

os mistérios antigos

dessa força invisível

que renasce no ventre

da terra.

É de ternura o meu olhar

sabes....

Nas minhas mãos

ainda cabem todos

os abraços

e no meu rosto

ainda brilham todos

caminhos que percorro

até chegar a ti.

São ausentes

os meus olhos

não de ti,nem de mim

mas da vida

que vivi.

São Gonçalves.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Talvez.


Deste lado do mundo

espero na passagem das horas

um novo solstício

... olhando timidamente

a horizonte.

do pés colados a rocha

a dureza da terra

suplicando novos tempos

e a pedra tão infinitamente

negra e fria

espera também o sol.

Deste lado do mundo

o silencio baila

ao som suave da brisa

amanheceres cinzentos

palavras amarelecidas

espalhadas no chão

esperando o tempo

um novo tempo .

Talvez renasçam

no meu corpo

esperanças prematuras

talvez o meu corpo

abandone este estado

estático e inerte

muito antes

da estação das flores

Talvez as palavras

germinem vibrantes

de cor e alegria

na sementeira

prematura

plantada em terreno fértil

antes do amanhecer

da luz.


São Gonçalves
26-01-12

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Foto-Hengki Koentjoro II

Luzes dispersas.

Deixar de ser a luz brilhante
...
o sol escaldante queimando a pele.

Ser nos areais da vida

a luzes dispersas

iluminando as madrugadas.

Entre o mar e as rochas

a paz deitada

seduzindo o mar salgado.

Acordar na timidez

incandescente

do sol renascente

espreitando nas imensas

águas o mundo.

Não serás o tempo disperso

escorrendo na melancolia

dos dias de inverno

nem o doce acordar

embalado na fragancia

colorida de uma madrugada

primaveril.

Serás apenas a luz

serena e calma

espelhada nas encostas

de um tempo

a descobrir.


São Gonçalves.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Um momento.

Há sempre um momento
em que o corpo se imobiliza
...sincronizado...
... o corpo e o espírito.

Ondas de paz vindas de mares
desconhecidos.

Há sempre um momento
em que o tempo
para na contemplação dos mistérios
...de um novo..
amanhecer apaziguador.

Areias claras onde o corpo
descansa e reflecte a sua
sombra.

O horizonte pintado em tons
de paz e harmonia.
...oceanos...
de cores subtis e ternas.

Há sempre um momento
em que o corpo se imobiliza
grandioso.


Ao longe ouve-se
canticos de povos ancestrais
...melodias...
vibrando no corpo .

Há sempre um momento
que és tu no mundo
...em sintonia...
com cosmos e a natureza
que te rodeia.

São Gonçalves

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Mascaras de vida.


Fixo o olhar nos teus olhos

... escondidos na brancura

do teu rosto de traços

finos e bem delineados

imaculadas

as vestes ,os adornos

a capa,o chapéu

a lembrar as superfícies

montanhosas.

Fixo o olhar nos teus olhos

escondidos no imenso

véu de neve

são profundos e tristes

são a expressão escondida

nas cordilheiras

da vida.

Sombras escondidas

vigiam-te através de espelhos

invisíveis,desfocados,

passas por eles

desconheces os símbolos

as imensas silhuetas

dançando ao som

desordenado das musicas

carnavalescas

e continuas silenciosa

atenta e misteriosa

fixas no olhar

triste e doce

com que me olhas

debaixo da mascara

com que escondes

a vida.

São Gonçalves.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

As vozes do mar.
 
Quando as palavras emudecem na pontas dos dedos
infinitamente caprichosas,adiando a luz clara que brilha
nos recantos da alma ,adiando o encanto de novas promessas,
novas descobertas através dos caminhos invisíveis
que me levam ao desnudamento do Ser ,ao encanto supremo
da paz e da serenidade alcançadas nos limites da entrega.
Nesse lugar onde palavra se faz momento magico e imperturbavel
nos recantos do tempo presente.
Contemplo o mar,,deixo-me abraçar pelo silêncio das vagas distantes
e nelas percorro lugares,cidades, espaços invisíveis
marcados na memória.
Devagar as vozes trazidas pelas ondas,ora calmas,ora furiosas
me lembram desse caminho percorrido arduamente
onde todas as palavras vagueiam na procura dos meus dedos inquietos.
Não será preciso apenas um momento de reflexão,
um momento de rara inspiração.
Será preciso cruzar oceanos e mares,acolher no ventre as tempestades
e olhar o céu carregado a poente ,cruzar olhares,
fechar os olhos e sentir a maresia,mesmo dentro deste meu quarto
tão distante desse mar que me embalou a infançia.
Sentir o olhar brilhar com as cores deste céu,
ouvir as vozes das ondas quando na sua linguagem mítica
contam historias de encantar quando batem nas rochas.
E neste olhar o mar,o sol,luz brilhante a iluminar as águas,deste mar de palavras
sinto- as renascerem imperiosas ,sujeitas a oscilações no tempo
murmurando significados novos,soletrados na boca do mar,
na eterna coragem de se fazerem (a)mar.
São Gonçalves.
Ilusão.

Corpos
passeiam-se hirtos
orgulhosos
... na passerelle
da vida.
São luzes
estéreis
que iluminam
as mascaras
vestidas
num corpo
despido da solidão
das noites.

E o mundo olha-te
contempla a tua beleza
olhares desfocados
perdidos na ilusão
da vida em movimento.

E a vida
mascara-se
de beleza extravagante
escondendo
as dores
e as solidões
que o olhar
não desmente.

São Gonçalves
Ilusão.

Corpos
passeiam-se hirtos
orgulhosos
... na passerelle
da vida.
São luzes
estéreis
que iluminam
as mascaras
vestidas
num corpo
despido da solidão
das noites.

E o mundo olha-te
contempla a tua beleza
olhares desfocados
perdidos na ilusão
da vida em movimento.

E a vida
mascara-se
de beleza extravagante
escondendo
as dores
e as solidões
que o olhar
não desmente.

São Gonçalves

Foto-Rosa Mouzinho Santos.

Presságios


... Deste lado do oceano

contemplo o mundo

e sinto o tempo

passar na lucidez

de quem vive

apenas o presente.


Nem o marulhar das ondas

nem o grito agonizante

das gaivotas rondando o espaço

me acordam desta sonolência

deste torpor delirante.


Do outro lado do mar

para lá do tempo

que finjo desconhecer

o sol ainda teima em brilhar

por detrás das densas

nuvens cinzentas que

ainda vestem o céu.


São presságios de mau tempo

de futuros incertos

mas eu ,solitário

neste lado do mar

sou apenas o silêncio

que apenas me diz

quem sou Eu.


São Gonçalves.