O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 5 de outubro de 2014

Humanização da palavra.

2° lugar no desafio proposto pelo grupo alencriativos.

Não sei se morri ou renasci num mundo cravado de injustiças
de longas divagações me fiz poeta, num terreno à mingua de abraços
serias a pedra preciosa cravada no meu peito
o oásis de mil anos de clausura!
Não sei se foi de bocas sedentas que em ti procurei
de beijos silenciosos roubados nas noites de solidão!
Não sei se me vesti de filosofias
de pensamentos imaginários,ou de lutas inglórias!
Apenas sei que semeei novas metáforas ao mundo
e abracei o mundo num tempo mais humano!
Humana eras tu emfim palavra
que me abraçavas nas noites insones.

São Gonçalves.
No reverso das horas sonha-se a mágica penumbra do interior dos corpos. 
Seria de luz ou de sombra o rasto da alma que lentamente semeavas no ventre do soalho vazio.
E vazio não era o sentimento que espalhavas no meu corpo sedento de luz.

São Gonçalves.
Um filho nasce quando o pensamos, quando o desejamos. 
Um filho nasce nas vésperas que antecede a luz. 
Um filho nasce nas noites mal dormidas
Nas inquietações
Na ternura dos abraços
No sorriso espontâneo.
Um filho nasce
Todos os dias!

São Gonçalves
Recolho-me à quietude da noite. 
A minha alma veste-se de crepúsculo
E o meu corpo um agasalho de silêncios. 

São Gonçalves.
Não sei se sou eu que habito dentro de ti ou se és tu que me habitas.
Chegas sempre devagar,batendo à porta com cuidado,sem voz,sem abraços,sem a pertinente vontade de ficar.Apenas chegas ,sentas-te a meu lado,tocas-me devagar,e eu hesito...
Hesito porque tenho medo que derrubes em mim a paz instalada,a grandeza das coisas simples,hesito porque ,há muito não conheço a tua cor,há muito não oiço a tua voz,há muito parei de sonhar.
Mas tu,não desistes,agarras na minha mão com cautela,não vá eu eu estranhar-te e com isso expulsar-te.
Aos poucos ,sopras-me ao ouvido palavras de esperança,de luz,mostras-me o rosto de mais um sonho. Ainda desconheço os caminhos para lá chegar,mas tu com esse jeito de clarear atalhos,mostras-me a direção.
Semeias em mim a semente de mais um sonho!
Ou será que a semente já lá estava enterrada nas profundezas da terra?
É provável que sim,que sempre tenha estado ,era eu que não sabia revolve-la a cada nova estação.
Aos poucos ajeito-me a esta nova sensação de renascimento,aproximo de ti,do teu corpo silencioso e o sonho desperta...
E não é um sonho qualquer,é um sonho guardado à séculos,no meu genes,na minha essência de mulher,um sonho que ultrapassou as barreiras do tempo e do espaço.
O sonho de libertação,o sonho de alcançar a paz do corpo e do espírito.
O sonho de luz.

São Gonçalves.
Com ou sem obstáculos a caminhada continua.
A vida existe,o sonho também.
Os caminhos,os rios,os mares
levam-nos onde os nossos passos nos querem levar
mas é a luz entre as tempestades 
que nos empurra
na leveza lunar.

São Gonçalves.
Quantos silêncios são precisos para atravessar um deserto? 
Quantas palavras definem uma caminhada? 
Quantos céus
Quantas tempestades
Quantas?
São Gonçalves.
Aprisiona-se a dor em palavras desconhecidas
Nem a força das marés ou dos ventos do norte as soltam dos enigmas transcendentes.

São Gonçalves