O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 15 de maio de 2011

Marcas do tempo

já não sei sentes

o mundo a vibrar

já não olhas
...
não vês

refugias-te-te

nesse teu mundo

de cansaços

assediando

o teu corpo

refugio secreto

das memórias

e dos laços

olho o teu rosto

marcado

sulcos de vida

derrotas profundas

rasgos de ternura

no teu olhar

ausente

a desventura.

Já não sei

se me vês

no teu olhar

distante.

Mas eu vejo

e sinto

a pequena luz

brilhante

nas profundezas

da tua íris

marcas do tempo

sem idade.

Ofereço-te...



Ofereço-te

o pão dos meus dias

arrancado do meu peito

cheio,farto de sonhos

de dores rasgadas

de marinheiro

ofereço-te

o corpo inteiro

as minhas mãos

plenas,calejadas

cheias de tudo

ou talvez de nada

do alimento arrancado

das minhas entranhas

das profundezas

do mar.

Ofereço-te

as cores vivas da marés

o azul turquesa do céu

o rosto escondido

nas sombras

do sol posto

o ultimo beijo

com sabor a mosto

o meu ser

o meu sal

a luta das noites

todo o meu bem

ou todo o meu mal

ofereço-te...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pontos negros-tela Edite Melo

Pontos negros.

É esta cor negra
que se instala
na raiz do pensamento
este cansaço
rasgado estendido
...no corpo ...

São as cores
da vida
que me empurram
para o futuro

Há uma primavera
que me espera
vestida de cores
amarelas vivas
e as pétalas brancas
juncadas no chão
da minha alma.

terça-feira, 10 de maio de 2011

O outro lado de ti.

O outro lado de ti


Nos planaltos do teu corpo plantas a esperança na primavera num desejo de renovação continua. Trajas a cor verde dos prados para esconder as marcas que o tempo vai deixando.
De ti jorram lágrimas, sinais das memória dos que partiram e no teu corpo marcaram a saudade. Ergues ao o céu o olhar na esperança de os alcançar,
no céu uma pequena estrela nunca deixa de te velar.
A teus pés corre um rio de águas mansas. Não vês que são os teus sonhos mais íntimos de criança?
Eles estão lá quietos, parados na ânsia que os desvendes
e largues as amarras de um barco esquecido junto ao cais na margem do pensamento ancorados.


E eu olho-te deste lado da margem.
Serena e altiva
silenciosa e terna.



Construo pontes imaginárias, com as raízes que me sustem.
Olho-te ,contemplo-te ,
sem palavras,apenas sinto a força das corrente s que jorram do teu pensamento
e as pedras que te impedem de caminhar,já não são pedras
São companheiras na solidão das noites desse teu longo vaguear
Na viagem imaginária alcanço os teu sonhos,
embelezo o teu olhar e ofereço-te a miragem do outro lado de ti.

domingo, 8 de maio de 2011

Telas Edite Melo-Ilhas


Vagueio por entre as nuvens

leve envolta em sedas

virgens imaculadas

cobrindo um céu azul

raiado de dourado

Vislumbro

uma pequena ilha

refugio esquecido

do meu corpo

silhuetas adormecidas

vagueiam terrenas

a procura do azul

do mar.

E ali sou a paz

e o sonho

que pretendo alcançar.

Esqueço de tudo, da verdade

cortada no fio da honestidade

dos medos ancestrais

que fogem das palavras

e sou Eu

assim vestida de cores

suaves na tela

de um artista pincelando

as palavras que a minha

alma serena me dita

sábado, 7 de maio de 2011

Despertar


DESPERTAR...


Soletro palavras

...nas pontas dos dedos

calejados

que outrora tocaram

corações complicados...

Sangrando a dor

arrancada do meu

pesar...

Sem poder ouvir

através de demasiados ruídos

criaturas surgem nos ventos...

Sinto que

acordo do sonho...

Esqueço

todas as barragens

todos os naufrágios

que me impediram

de avançar...

Já não me vergo

perante tais adversidades

para além da minha resistência...

Entre as bailarinas das marés

e os barcos perdidos

num mar de sonhos

esqueço o céu negro

carregado...

Já não há razão

num olhar

que já não é cego

e toca horizontes

de sentidos, miragens...

Para lá da protecção

do meu lugar misterioso

e seguro,

afasto a cor densa

da memória

e recomeço uma nova

História.


Dueto São Gonçalves/Jc Patrão

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Novas alvoradas



 
  
 
As margens abraçam as vestes lavradas
A terra  grita silêncios
Escondidos
num rio de serenatas orquestradas
pelas batutas de um impulso genuíno
das correntes  serenas
águas repousadas
em leitos calmos
na candura das manhãs
E da ternura
As pontes erguidas
Caminhos de sonhos
Ousadia dos poetas
Equilibrio fugaz
Barcos a deriva
Em águas agitadas
O pensamento
e no fim da utopia
a realidade sonhada
é o concretizar de verdades
com a mão de um sentido
a procura do descanso
em abraços análogos
pleno companheirismo…
impulsiona ao novo sonho
num acordar de auroras
a paz desejada
em esplendor
descansando das lutas
serenas levadas
o espirito descansado
 com o âmago em louvor…
das águas de um rio
cantando a paz
no nascer
em novas alvoradas.