O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Foto-Ana Souto Matos.

Há dias que passam tão calmos,tão previsíveis
acorda-se tarde,beija-se os filhos
uma palavra,um sorriso
folhea-se as paginas de um livro
há muito à espera de ser lido
na cozinha,misturam-se aromas e sabores
memórias e gestos de pura amizade
responde-se a um amigo,desata-se nós
e de repente esquecem-se os laços!

A prenda que tinha ficado esquecida
as palavras tão sentidas
o esvoaçar de um pássaro
a medo e com ternura

emociono-me,emocionas-me
as imagens que contam histórias
desse teu mundo
de dentro e de fora
de cores arrancadas ao coração da natureza
e a tua calma derramada na objectiva
no olhar atento
nas palavras que transbordam vida
encanto e sedução.

E o livro abre-se como se sente um sabor
gravado na memória
as palavras perfumam os gestos
os de fora,e sobretudo os de dentro!

Intensa a leitura ,o voo do pássaro frágil
o equilíbrio e o desiquilibrio dos dias
o medo do voo ou da viagem
o que sente a mulher
a mudez gritante dos dias
o silencio das noites
o mundo incompreensivel e transbordante
de inquietações diárias
a vida.as palavras,as cores,a poesia.

Abraço-te mulher,que fizes-te do meu dia um lugar de palavras,memórias,sonhos
e poesia.

São Gonçalves
Foto-dolores Marques.

…)Este contraponto do dia a marcar pontos nas horas, este culminar da noite na mudez de um silêncio extra vagante e o versejar quase imediato, determinado a afrontar silêncios nocturnos…Um oásis pronto a cair de vez nos seus olhos. 
Havia um longo caminho ainda a percorrer, sem tempos marcados, onde só a alma assume de vez o comando no escuro.
Dolores Marques-Onix

Havia caminhos de luz e de sombras,de enigmas seculares a alastrar na alma presa agora num corpo novo,novos eram também os desejos,as palavras a brotar de uma fonte pura.Pudera ver-te ainda com a claridade de outros tempos,pudera resgatar da memória essas viagens de um outro momento.
Este é agora um tempo renascido ,como nascentes são as palavras que nos vestem os dias,ora silenciosos e escuros ,ora brilhantes e plenos de luz .
Os silêncios já não ferem,os atalhos já não me levam por caminhos errantes;necessários são os momentos de solidão onde uma pequena luz entra e ilumina os pedaços de memórias.
Viajamos agora por entre palavras silenciadas ,os gestos não se escusam de
ternura,trazes-me nas mãos uma púcara de água fresca,da fonte de vida que te viu nascer.O granito das terras altas preenche acalma-te , revela-te, e eu continuo a ser o rio que corre mansamente das águas de uma fonte inesgotável.

São Gonçalves.
Espanta - me o mundo e o som dos objectos inúteis. 
Estou só e isso basta-me para construir memórias. 
As memórias do meu mundo imaginário. 

São Gonçalves.
A dentro - me na imensidão do mar, na imensidão do espaço, desenho silêncios das palavras estranguladas, sinto o peso do corpo num compasso de espera!
Do infindável abraço , recolho toda a ternura do azul do mundo. 

São Gonçalves.
E se dos dias apenas saboreasse mos a doçura e a leveza, apenas olhasse mos o tempo como uma dança sensual de corpo aberto. 
E se da vida apenas arrancasse mos a essência dos dias. 

São Gonçalves.
Se o universo e o tempo forem finitos,a partir desse momento
infinito será o silêncio...
Jc Patrão.

Infinito será o silêncio
A magnitude dos gestos
As palavras guardadas
Na imensidão
Das chuvas de inverno.
Pudera eu eternizar
Um só vocábulo
O significado da vida
O vazio que nunca se sente.
Pudera eu apenas soprar
Com um sopro de ternura
A palavra
Gratidão!

São Gonçalves
No pequeno espaço o desencanto colado nas paredes cinzentas, a confidencia soletrada baixinho, num tom de aromas de rosa brava.
Dizes com tremura na voz, o que resta da vida e o que perdeste ao tentar salvar a dignidade perdida. ..

Silente os ouvidos que gritam o espanto dos caminhos que se cruzam ao acaso. ..

São Gonçalves.
Nem sempre as palavras seriam o elo conciliador do mundo. 
Haveria de sentir o mais profundo silêncio para que elas se fizessem claras no tempo e no espaço. 

São Gonçalves.
Tocas-me os lábios na doçura de um aroma perfumado .
Os silêncios são por vezes a oração do momento
O toque aveludado do vazio
o preciso instante de abandono, 
Onde tudo pode acontecer
Apetecíveis instantes
Intemporais!

São Gonçalves
Venho do outro lado do mundo
Do outro lado de mim.
Preencho o olhar de azul
Na pacífica placidez do céu
Só as palavras me salvam
Só os silêncios me engrandecem.

São Gonçalves.
Foram feitos de silêncios estes caminhos
Deambulações precárias, inseguras, entre a terra batida, barro vermelho colorindo o espaço e os pântanos brilhando ao sol de inverno. 
O que foi já não é, nem a presença constante dos que já partiram me aconchegam o vazio da casa desabitada. 
Os salgueiros choram a ausência no silêncio das águas paradas. 
As estações sucedem se neste murmurar melancólico do tempo.
Contemplo este espaço onde deixo aos poucos espraiar as memórias, as minhas e as que foram nossas.
O silêncio é agora um barco atracado a um cais no tempo.
Se soubesses que os meus olhos ainda procuram a luz das acácias em flor.
Era de terra batida o chão juncado de amarelo na memória dos meus dias de infância.

São Gonçalves

domingo, 18 de janeiro de 2015

Entre a aurora e o crepúsculo , a infindável ternura ,a inquestionável nostalgia de quem nunca soube o que era partir ou que era ficar. 
Só os nómadas conhecem o segredo do por do sol. 

São Gonçalves.
Que meigo o olhar da memória
Que vasto o mundo a percorrer. 

Não, olhes para trás, o deslumbramento está no voo das aves, na magia silenciosa das marés, o cântico sem alvoroço ,o desapego aos vazios do corpo. 

São Gonçalves
A poesia é a melhor terapia da alma, é ser leve e libertar as emoções para que outros se encontrem nelas também.
Ana Coelho

Nas palavras nos encontramos,uma imensidão de vocábulos que guardamos durante séculos,
tu,eu,os silêncios que guardamos nas entrelinhas de um poema
as mãos apartadas,os corpos cansados da luta
o desencanto dos dias,a memoria cravando na alma espinhos profundos
o silencio das palavras,
a luz que brilhava algures ,desafiando o tempo,o espaço
desafiando a vontade,o saber,o medo.

Na poesia nos encontramos,almas algemadas ao silencio cativo dos dos dias
as imposições de uma realidade muda,presa a convenções,a preconceitos...
caminhos de luz a desbravar,atalhos provocadores da alma peregrina.

Um dia ,já tarde,quando a luz começa a declinar ,o corpo cansado,o silencio se fez voz,a inquietação aquieta-se a um novo modo de caminho...
Na transgressão das normas impostas
libertamos as palavras ,a alma,e a poesia vibrou emoção.

São Gonçalves.
Trazes no corpo a liberdade das aves em construção
a leveza das manhãs envoltas em magia
bebes da vida o néctar do mais sagrado desejo
conheces os mistérios da lua
tua fiel companheira das noites magicas!

Danças ao ritmo das estações
constróis mundos tacteis ,envoltos em véus de ternura
sentes...vês...ouves...o mundo originário das Deusas
plenas de energia e sabedoria...

Crês em submundos onde as luzes e as trevas
quase se tocam
e trazes guardado ao peito a chave de todos os segredos da terra.

És um mundo de mitologias e credos
de saberes ancestrais e modernos
és o símbolo da liberdade
és tão simplesmente Mulher!

São Gonçalves
Insano o desejo de solidão, quando a casa é habitada pelas memórias. 

São Gonçalves.
O desapego era um sentimento com que vestia os dias, as noites, as horas. 
O toque suave do fumo fazia estremecer o seu corpo frágil. 
O contacto dos seus dedos macios, com a volatilidade das sombras eram o último sentimento de pertença aos pequenos prazeres da carne. 

São Gonçalves.
Abraça - me na serenidade dos ecos da terra. 
Abraça - me na nudez dos gestos de apego
Abraça - me no silêncio das horas nostálgicas. 

São Gonçalves.
Num momento tudo se aquieta ao silêncio com que sentimos as gotas da chuva na pele. 
Num momento tudo se cala, e os lábios apenas murmuram o silencioso aroma do sal.

São Gonçalves
Não hà apenas caminhos que se cruzam ao acaso, há a semente que cresce lentamente nas encruzilhadas dos dias. 
São Gonçalves.
Veste-me os dias, as noites
Desse inconfundível equilíbrio
De luz e de sombra
De bravura e de medo
De força e delicadeza. 

São Gonçalves

sábado, 17 de janeiro de 2015

Da alma sente o brilho
A luz invisível
A ternura intocável
A maciez do gesto
A sombra e a luz
Da cor
Com que tocas
Alguns silêncios
Alguns cinzentos
A tua
A minha alma
Olhares enigmáticos
Templos de luz
De vida
O vermelho de uma tulipa
Errante...

São Gonçalves.
Sente a maciez aveludada do cinzento comestível da fruta tardia.
Sente o sentimento agreste das manhãs frias e sem futuro. 

Sente apenas sente. ...

São Gonçalves.
É instável o equilíbrio entre a sã loucura e a doentia lucidez.
Rita Pais.

Serena-se o olhar de tanto ver,de tanto perscrutar
o mundo, a vida,os homens
O equilíbrio tangente num fio de luz !

Organizam-se os desejos,as virtudes
a vontade de loucura
aquele que me faz ser destemida
sem barreiraras nem freios!

Ou a imagem da lucidez amarga
sem luz,sem encanto!

Serena-se o olhar
na distancia que me abraça a liberdade.

São Gonçalves.
Porque só assim consigo entender o mundo. 
Olhando para dentro dele...em silêncio! 

São Gonçalves
Foto - Natalia Deprina.

Há momentos em que me escondo do mundo, cai sobre mim um manto de cansaços, as palavras ignoram a passagem das horas. 
Derramo sobre mim o perfume do silêncio, 
E assim fico, peregrina do pensamento. 

São Gonçalves.
A horizonte uma luz vacilante ilumina os campos. 
O vento sopra devagar, puxando cuidadosamente as nuvens carregadas. 
O tempo que se demora num olhar silencioso,o humor das árvores bailando na luz crepuscular. 
Quando o fim se aproximar que saibamos guardar como lembrança o terno olhar das coisas simples e belas. 

São Gonçalves.
Dos espaços vazios e das ausências nada sei.
A luz ainda toca e ilumina o coração da memória.

São Gonçalves.

Conheces os mistérios da palavra
a magia das cores
percorres caminhos de terra sensível
as estações não te atemorizam!

sabes dos traços da dor
das imensas viagens ao centro da vida
a cor ocre da terra
conferem-te nuances de luz!

Não poderia falar da aridez dos montes
da magia da serras
da viagem ao mais profundo e sensível
sem olhar para dentro do teu mundo!

Vestes e re-inventas mundos de ternura
pintas a tua silhueta com átomos
de sensibilidade genuína!

Conheces o invisível mundo das formas do amor
na mais bela metáfora de o sentir
de te sentir mulher.

São Gonçalves

domingo, 11 de janeiro de 2015

A perfeição e a plenitude cabem num pequeno instante num mundo onde tudo é efémero.
São Gonçalves.
 
Perto da janela ,dali onde podia contemplar a rua, o mundo, o universo inteiro.
Sentou-se na pequena mesa onde fumegante a esperava uma chávena de chá . 
Dali olhou o mundo, e como sempre olhou para dentro de si. 
O corpo esguio confundiu-se com o chá fumegante. 
Sabia que aquele momento era só seu.
Sabia que toda a perfeição caberia apenas e só naquele instante.
O resto era um corpo já gasto e um mundo que não parava de dar voltas.
Efémero, equívoco, imperfeito como o chá fumegante diante de si!
São Gonçalves
Se soubesses que ainda és tu que me acalma os temores nocturnos, 
Se soubesses que os meus dias às vezes são uma espera infinda!
Se soubesses que tantas vezes me escondo do mundo, só para não ouvir a loucura dos homens, 
Ou será o som surdo da minha própria loucura?
Se soubesses que apenas as palavras me salvam do desencanto dos dias, 
Se soubesses que a poesia é o refúgio onde te encontro e descanso.

São Gonçalves
Nem sempre é com o toque que colho a mais bonita flor. 
É no silêncio do aroma que lhe sinto a alma.
É na diversidade da cor que me visto dela.

São Gonçalves.
Outonos inquietos.

Metamorfoses das estações que se confundem na inquietação das mãos
na inquietação da palavra,emoções expostas num traço
antecipadamente definido,a razão que se quer inteira
o traço de um céu azul que se desvanece nas cores
da sementeira madura que ansiosamente espera a monção.

De cores matizadas,marmorizados os traços do pincel
a melodia das estações envolventes
a matriz do mundo evocada a vários ritmos,a várias cores.

Contemplo-te terra mãe nas tuas imensas nuançes
o berço acolhedor das inquietudes dos homens
a passagem inequivoca das estações da terra.

São Gonçalves.

sábado, 10 de janeiro de 2015

É este o tempo que palmilhas de alma despida
com o gume do destino cortas aos pedaços
os anos ,os dias,as horas
a impaciência que te assola nas madrugadas.

Sabes da imperfeição dos homens, e da tua
bebes dela em taças de ouro e prata!

Gastas as ultimas gotas de suor
a juntar transparencias
a entender vocábulos que desconheces
e nunca haverás de conhecer.

Sentes o mundo inquieto ,caminhando só
e tu companheira silenciosa desse mundo

caminhas sempre no silencio das horas
as vezes as madrugadas são tão dolorosas
o mundo pesa-te,a vida desencanta-te
às vezes nem tu sabes bem quem és!

E caminhas sempre de mãos dadas com a imperfeição
de mãos dadas com a ignorância!
Ás vezes és tu o espelho da inquetude!

Tens sempre tanto para aprender!

São Gonçalves
Fico deste lado a ver- te partir. 
No coração da criança que fui parece - me que regressas de uma longa viagem. 
No vazio do presente sei que partes. 
Partes no voo dos pássaros que procuram a última réstia de luz 

São Gonçalves.
Não saberia escrever sobre o rasto da nostalgia se não soubesse olhar para a cor da tua alma.
Veste - se o tempo de esquecimentos banais, e o corpo das emoções do último laço. 

São Gonçalves.
Há dias em que tudo cá dentro é silêncio, e cinza, é frio agreste de outono. 
Há dias em que cá dentro pintamos a alma apenas com palavras desenhadas na memória da ternura. 

Fecundo o terreno onde renasce a cor da alma. 

São Gonçalves.
Quando chegaste, trazias nas mãos a luz das manhãs, a cor do horizonte nas linhas dos dias de esperança. 
Quando chegaste, transformas te o meu mundo num lugar mais doce.
São Gonçalves.
Cresci sempre muito mais com o confronto, com as lutas, com o desbravar de caminhos cinzentos dentro de mim, do que com a claridade parda do tempo parado. 

São Gonçalves.
De que servem as palavras quando os punhos estão cerrados? 
De que serve a delicadeza quando os gestos ferem? 

Falo- te de silêncios, esses que toco na fragilidade de um momento. 

São Gonçalves.
Entre o sonho e fantasia
O negro dos dias
Gotas frágeis de desencantos
Entre a cor dos dias e o escuro da noite
A carícia amarga do silêncio
Ou o rosto das palavras que não cabem na garganta.

Entre o sonho e a fantasia, cabe todo um mundo onde me perco, me rendo e me redimo.


São Gonçalves
Se soubesses do amor que ainda existe em cada voo,
se soubesses da ternura guardada num rasgo de céu
das esperanças infinitas que se subtraiem das palavras!
Se soubesses do voo,do ar ,do céu
Serias sempre uma ave rasgando os céus!

Nunca percas cada pedaço de céu!


São Gonçalves.

Foto Ana Souto DeMatos