O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Para quem desejar adquirir o livro "A alma da cor" pode encontra-lo nas seguintes livrarias,assim como nas lojas on-line,tais como a Wook...a Bertrand ...e na respectiva Editora.

Tambem nos podem contatar,a mim e à Edite,nós enviaremos via ctt.
Muito obrigada.

Aqui vai a lista onde já pode encontrar o seu livro, no entanto como é natural esta lista ainda vai aumentar:

APOLO 70 – Lisboa, Carcavelos, Carnaxide
Liv. Barata - Lisboa
Liv. Sá da Costa – Lisboa (encerrou na semana passada)
Liv. Lello - Porto
Ao pé das letras – Ericeira, Tomar, Carregado
Feira de Peniche
Livros&Cª – Marinha Grande
Boa leitura - Leiria
Versus – Arcos de Valdevez
Bertrand Aveiro
Papelaria Livraria união – Torres Vedras
Fontenova – Vila nova de famalicão
Liv. Branco – Vila Real
Centésima Página - Braga
Porto Editora - Porto
Du Bocage – Barreiro
Acordas enfim dessa sonolência austera
e desenlaças todos os laços
os que te prendiam e os que ainda te sustem...

No leito de um mar calmo,tão serenamente descansado
constrois cidades neutras de afectos
ilhas imergentes num olhar de ternura onde os pássaros
poderão um dia construir novos ninhos.
É tão pouco este novo querer
esta nova vontade de se fundir em novas cores
calmas...serenas
imensidões de paz deslizando no parapeito do sentir.

Urgente o desejo de se deixar embalar em novos colos
urgente a luz do azul claro que se funde no olhar.

São Gonçalves.
Resta-me ainda o lugar das eternas viagens 
resta-nos a cores que gravitam no mundo ao redor
resta um arco-íris de ternura,desenhado na palma da mão.
resta a memória das coisas finitas.
Resta a luz e a escuridão...

Restas-me.....

São Gonçalves.
Já não te aquietas na escuridão do interior da casa
o espaço tornou-se pequeno demais para quem gosta de sonhar.
O tempo traz agora uma nova luz ao teu olhar
e nos raios solares que te iluminam o rosto
escreves a cinza e azul uma nova historia.
O tempo resumiu-se a esse espaço fugaz
a essa chama que te consumia as entranhas e a alma
ao espaço onde abrigavas as memórias
inertes...avassaladoras...pedaços de caminho
pedaços de passos perdidos na penumbra da noite.
Não ...não escutes o som do vento
que ainda sopra pelas frinchas da porta
ali mesmo de traz de ti.
Fixa o olhar na luz do céu
na esperança que vibra ao som das palavras
Vive na constante mutação das horas
e parte nas asas de um pássaro
cantando um hino de liberdade.


São Gonçalves.
O abraço da lua

Não ,não vires as costas ao mundo
ao rio prateado que corre no teu peito
quando de sois ainda é feito o desejo
que arde no centro da tua pele.

Não,não escondas o olhar
mesmo cansado...
...brilham neles todos os azuis
todos magmas da eterna paixão.

Mesmo que te tentem roubar a cor aos dias
enfrenta a luz do dia
e solta as amarras que te cegam
os espelhos da loucura.

Entrega-te ao mundo
na eterna vigia de uma lua
prateada e reconciliadora
do corpo em exaustão.

São Gonçalves.
Porque teimas em te esconder da luz do sol
que incansavelmente resiste as tempestades.
Porque teimas em vestir os dias de silêncio e de sombras
quando nas tuas mãos renasce todos os dias o brilho de uma nova luz.

São Gonçalves.
 
Ás vezes sentia que se perdia na bruma do tempo
na fragilidade exposta ao tempo
na imperfeição do corpo que crescia à margem do querer.
Querer ser apenas a sintonia com a mundo
numa terra sem nome...sem desejo...

Esquecia muitas vezes a força enequivoca das águas
do ventre que calidamente a acolhera em tempos passados.
Não sabia da força das árvores,não sabia da ternura do azul
e porque de azul se vestia nas noites prateadas.

Timidamente ancorava as forças em cais ausentes
e ausentes os homens que a beijaram na penumbra da noite.
As bocas fechadas,esqueciam-se dos labios quentes
e continuava sempre a ser rainha dessa terra sem nome.

Sem nome a nostalgia agarrada a pele
essa brisa fina que lhe cortava por vezes o coração
mas de manhã...nessas manhãs de tantas primaveras
continuava a vestir-se de azul
e amar o ventre da terra ...o centro do mundo
e a boca dos homens que um dia a haveriam de esquecer
num pais de bruma.

São Gonçalves.
Incansaveis as horas de silencio
equilíbrios protectores da mente
a fuga à imensidão das palavras
que gravitam na mente....

desejos contidos na fragilidade permanente
a sensibilidade do toque
as horas vazias prenhes de sentido

A gota de chuva cristalina
beijando a pele desnuda num dia de luz.


São Gonçalves.
Não mais quero sentir o peso das memórias perdidas.
Andante por estradas sinuosas olharei os caminhos do futuro com olhos de espanto.

Na descoberta de vazios dilacerantes aprende-se a sabedoria de saber inteira....
voando ao som de um novo canto.

São Gonçalves

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Renascer da noite mais escura
rasgar o céu negro na força da luz
silhueta cruzando o mais profundo
desassossego e o mais incompreensivel dos cansaços.

Imergir do magma efeverscente do mundo
o corpo em combustão
os ideiais à deriva,na imensa rocha árida
rasgando as entranhas do corpo.

Punhais de fogo abraçando os desejos
na fuga para um mundo imenso
e desconhecido.

Imergir com raiva ,com força
soltar o corpo e a alma
numa tela de palavras
corpo desenhado em cores vivas
soltando-se aos poucos da escuridão.

São Gonçalves.
De mundos percorridos na luz intensa de alma peregrina
e das noites sombrias e tenebrosas
haveria de cruzar oceanos e desventuras
e cantar nas madrugadas o silencioso cantico
das aves migratorias....

-------seria a liberdade conquistada na passagem das estações--------

São Gonçalves.
Acorda dessa sonolência absurda
desse tempo em que teimosamente 
te encostavas aos muros da existência
sente toda a ternura num só gesto.

Arranca ao mar e ao céu o brilho
do azul mais intenso
veste-te de luz
ilumina o rosto esmorecido com o tempo.

Grita ...corre...abraça...
nesse tempo que se arrasta a teus pés.

São Gonçalve
No rosto contavam-se os anos na passagem das linhas
cores desaguando na epiderme 
Olhava em frente...sempre em frente
na nostalgia das horas...na sombra murmurante do olhar.

Calava os silêncios e as omissões
escreveria o destino nas linhas marcadas na palma das mãos.
Haveria então de acreditar apenas nas cores que se misturavam
nos dias sentidos.

São Gonçalves.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Arranco pequenas estrelas de céus negros
ilumino o rosto descansado
envolvo os sentimentos em mantos coloridos
e adormeço a mente
em sensações renovadas

Sinto a penumbra desvanecer-se mesmo que o vazio
me traga um brilho de saudade.

São Gonçalves.
De mares e de céus revisitados
de flores germinando em águas calidas e profundas
o olhar azul que se despe de vaidade
e vislumbra paraísos perdidos.

De sons adormecidos e de corais coloridos
de ternuras esperando as marés
o corpo do poema trazendo a nostalgia
imagens de ancoradouros encontrados.

De ti de mim das nossas mãos
poesia florindo nas manhãs de solidão
da entrega distante e saudosa
da partilha num mar imenso...azul.


Da sintonia que nos prende
na distancia em espelhos
onde reflectem sentimentos
telas de cores partilhadas em comunhão.

São Gonçalves
Olha-me neste silencio e descobre-me
na nudez de um dia de chuva
no cinzento dos dias
nos traços dos teus dedos
no meu corpo .

Revela-me a alma e o desejo
os caminho percorridos
na intensidade da noite
na audaz coragem
de sermos união

Descobre-me nas imensas
energias que abraçam
os meus dedos
no toque ilusório das árvores
na força do vento
tocando os meus lábios.

Inventa-me uma e outra vez
para que eu permaneça inteira
no mundo por mim
reinventado.

São Gonçalves.
Não sei se te vejo ou te sinto assim corpo erguido olhando o céu
Raízes brotando no coração da serra
mulher frágil enfrentando a dureza das rochas.

Não sei se te vejo ou te sinto nesse teu mundo de caminhos palmilhados
de aventuras imensas enfrentando tempestades
de solidões cruzando os anos e os estados d'alma.

Corres ,vibras ao sons do pássaros que te inspiram os dias
abraças as horas na melancolia da serra
gravitas nos desejos de ser mulher
no sabor doce dos frutos silvestres.

Silenciosas as noites em que renasces nas palavras
no verde de esperança que te veste os dias e o corpo.
cresces olhando o céu imenso que te acolhe
no ventre maduro que te embala.

És a energia que te inspiram as vibrações da terra
esse magma imenso que se esconde num rio
de ternura e de bênçãos.

São Gonçalves
Afinal sempre sabias 
que o corpo acolheria os desígnios da luz.


De manhã ainda solta
esqueces a escuridão da noite
tacteias a pele com os dedos
sobram caricias aveludadas
na ânfora dos sonhos.

Afinal percorrias o corpo
ao encontro da energia do mundo
que supostamente
se colou a epiderme.

E de tactos frágeis e sensuais
saboreias a doçe ternura
com sabor a amoras silvestres.

o toque e o sabor da luz e da terra
na alquimia do desejo .

São Gonçalves.
A ternura renasce aos poucos na grandiosa encruzilhada da vida.
Na fragilidade secular de uma flor.
Refazem-se os passos em caminhos outrora palmilhados
no silêncio das horas vazias.
o coração despe-se das mágoas antigas
reconhece apenas os templos da verdadeira entrega.
Difíceis de entender os mistérios que nos afastam
dos caminhos da infância, onde a serenidade era o poiso dos pássaros na Primavera..
a maturidade traz agora um outro gosto
a sabedoria das horas amargas preenche os recantos da alma.
É preciso entender os deuses que nos seguram as mãos
nas horas sombrias
Entendê-los... abraçar as mensagens surdas que nos afagam o coração.

Então a ternura sagrar-se-á nos recantos da alma
mesmo que nesse instante a fragilidade do corpo
seja apenas uma flor enfrentando as tempestades da horas mortas.

São Gonçalves.
A leveza do corpo e da alma é assim um processo de maturação em conjunto com a luz e as sombras ,a energia das forças invisiveis ,cores escondidas no universo .
Uma dança continua de braços dados com a natureza no infinito espaço,e no tempo das entregas ao mundo.

São Gonçalves.
Mesmo que a luz fosse sepia ,os raios brilhariam no reverso de tempo
Haveria de passar no mundo com a luz escondida na palma das mãos
Forças invisiveis transportando a grandeza do mundo
a força enigmática da natureza vestindo um corpo frágil
Haveria de se banhar nas profundezas de rios imensos
Haveria de trazer no colo a bênçãos da mãe terra
a feminilidade das feras da savana
ser altiva no porte e no carater
como as árvores a força estranha que enfrenta estações
na grandeza de ser comunhão com as energias da terra.

Mesmo que fosse apenas um ser atrevassando os anos
saberia o caminho das estrelas em noites de escuridão.

São Gonçalves.
Silenciam-se palavras no avesso de mim
abraço o corpo em profunda entrega
e sinto o vibrar das energias rochosas.

Silencio os gestos na dormência do corpo
na subtil eternidade de uma fracção de tempo.

São Gonçalves.


Foto-© Ilona Pulkstene
Foto-Antonio Santos Silva.

Das tardes de Outono sobra agora uma brisa fresca e calma
encostas o corpo à margem de um rio sereno.
águas de ternura apaziguadora de momentos.
a ternura desenhada num céu azul mesclado de branco.

regressas à nascente ,a esse momento magico
onde tudo recomeça.Já te sinto minha por inteiro
já te sinto plenitude num mundo agreste

raras as vezes a distancia das margens
ainda me trazem saudades
saudades de ti,de mim,de nós.

Sinto-te agora ao lado deste rio onde sempre naveguei
o nosso rio de ternuras mansas e doces.


São Gonçalves.
Seria na palma das mãos que acolheria a beleza do mundo
as cores de transformação e de renovação.
Com os dedos reescreveria a história perdida no tempo
extravasaria as dores e as ansiedades
e procuraria a luz que ilumina de novo o olhar.

Aprenderia a aceitar a dádiva da vida como quem aprende
os caminhos da serenidade.

São Gonçalves.
Havia um caminho traçado nas linhas do corpo
a escuridão galopando por entre as giestas
e o sangue escorrendo nas encruzilhadas
Havia a vida ....havia a morte
o fim aproximando-se lentamente

Havia a luz distante ,violeta
cruzando as artérias
a alma desapegando-se do corpo
havia um corpo cansado....havia um corpo dorido
a vida esvaziando nas entrelinhas

Havia o silencio e as palavras
havia um mundo de espinhos e rosas
havia uma alma sedenta de paz.

São Gonçalves.
Em energias aquáticas descanso o corpo cansado
a força energética da água acalma-me os medos
entrego-me assim despida de semblantes
de palavras inúteis.

Recebo o abraço da natureza que me acolhe
nos silêncios que me embalam
e a brisa fresca beija-me o rosto.

e eu respiro a paz do mundo
a doce melodia da natureza onde me deito.

São Gonçalves

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Fragmentados os nascimentos da alma
encruzilhadas de vida anunciadas
nas pequenas fragilidades que consomem o corpo.
Manhãs de incertezas
escuros caminhos onde se perdem os passos
na eterna procura para dentro de si mesmo.

O corpo sobrevivendo aos diversos choques
a alma peregrina em busca de um raio de luz
e volta-se e revolta-se as entranhas
o centro onde gravitam todos os silêncios
todas as palavras que ficaram por dizer.

Olho agora para um céu mais claro
é magenta a cor que brilha na minha íris.

Será a serenidade encontrando o caminho de retorno?
Será o apaziguamento dos medos e receios?

Ou apenas o retorno a casa
depois de ter atravessado mais um deserto!!!

São Gonçalves.
Da janela do meu quarto avisto uma cidade adormecida
paredes erguidas ao céu ,a vigília da lua,o seu abraço prateado
murmurando segredos.
Contemplo-te cidade ,tão quieta,tão singelamente solitária
guardas nas veias o sangue das antigas batalhas
o fervilhar do amor nas longas noites ,onde os amantes se batem
se extasiam e descansam nos braços da madrugada.
Austeros os muros,desenhados na sua nudez intemporal
......abrem-se portas....fecham-se portas
janelas escancaradas esperando a melodia
das aves noturnas.

Da janela do meu quarto avisto uma cidade noturna
gravida de vida.
esperando a alvorada quente no fogo que se ateia
nas pele dos sentidos.

São Gonçalves
Familia não são apenas os laços do sangue,mas todos aqueles que se empenham em tornar os nossos dias mais serenos e nos aceitam nas diferenças com respeito.

São Gonçalves.
Nem só as palavras nos enchem a alma
Trazes na palma das mãos um coração de esperança
o apaziguamento das dores
em vibrações de luz.

O toque imaginário dos dedos no recanto da alma
a luz do universo projetado
no espaço sideral.

Abro as mãos
e aceito o calor do teu abraço...

São Gonçalves.
Aconchego-me agora num mundo mais humano
a vigília do medo adormece em ventres criados na mente
Acordo de repente para a realidade dos dias
e são belos os braços que se estendem nos dias
Tantos os colos acolhedores
Tantas as palavras de luz que ultrapassam o espaço
atingem limites de lonjura
iluminando a noite mais escura.
Haveria de sentir a nostalgia das horas
haveria de sonhar em círculos de luz
e adormecer descansada das dores
em braços desenhados apenas para acalentar.
Porque me senti perdida do mundo?
porque me despi de certezas ,enquanto lá fora
se preparava tantos braços para me acolher?
Porque haveria de conhecer a noite
e a escuridão das madrugadas mais escuras....
Porque temos sempre que morrer
para renascer em outros ventres
que nos acolhem
na vertigem do crescimento
interior.

Compreender que o sofrimento
é um buraco escuro que nos liga a todos os nascimentos
e o tempo esse elo de luz que nos liga ao mundo.

São Gonçalves.
Tem dias que mitigamos as dores e as alegrias em compassos de espera. 
Tem dias que visitamos todas as estações,e viramos a folha dos dias com dificuldade.
Tem dias que nos apetece esconder no cinzento austero,ou olhar o céu sem reservas de sentir a beleza primordial do mundo.
Tem dias que somos tão pouco ,e tem outros que somos tanto....

São Gonçalves.

sábado, 3 de agosto de 2013

Foto© Reza Nazemi

Atravessamos Verões de calor intenso e desertos de areias movediças no interior do coração.
São Gonçalves
Foto-Diego Fernandez.

Eternizas em poesia o momento da dor
para que ela seja bela e sofrida
Nada fica para sempre
nem o momento do amor
nem a saudade doendo.

A poesia eterniza o momento
e sobrevive no alimento
de velhas confidências crepusculares.

São Gonçalves
Foto-wil mijer

De olhos fechados abraço o fundo do mar 
o azul cristal embalando o corpo
a claridade ofuscante dos raios solares..

e tanto mundo,e tanto silêncio
e tanto para abraçar.

São gonçalves
Amansados os demónios interiores procuras no silencio das palavras
o que ainda pode sobrar da lucidez do mundo,Uma réstia de azul cobre-te o rosto e os sentidos.O céu o mar,as forças da natureza velando de longe.
Podias ainda gritar à força da mãe terra,às Deusas ancestrais que te reforçam os dias.
e saberias que o ventre do mundo te acolheria infinitas vezes
e saberias guardar no coração a ternura das mãos que te acariciam o rosto
nas primeiras horas de vida.
São Gonçalves

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sinto-te os traços do rosto marcados
o infinito olhar cansado...vivido
a intensa nostalgia silenciosa
escrita no olhar.

Sinto-te flor de verão arrancada
numa tarde de estio
o odor fresco do orvalho
escorrendo nas maçãs do rosto.

Sinto-te dor silente nas entrelinhas do poema
sinto-te mãe no retrato de um olhar ausente.

São Gonçalves
Veste-se a noite de silenciosas luzes
espinhos luminosos rasgando
o que resta da escuridão.
Sangram os olhos de tanta noite
e a fragilidade abrupta 
das marés cheias.

Veste-se a noite de silenciosas luzes
e os sentimentos aguardam
agora as ultimas restias
as sombras do tempo
do que sobra ainda
de vida.

São Gonçalves.
Apagam-se lentamente as palavras e as luzes
cristalizam-se no tempo sentimentos
as veias escorrendo sentimentos vertiginosos
a folha seca despedaçada na entrada do inverno.
Luzes brancas ao longe
luzes ofuscando o corpo e os sentidos
a penumbra aguardando a claridade das manhãs
e a vida traçada num único verbo.
Mil vezes os braços se estenderam
mil vezes as facas cortaram a solidão dos dias
arrepia-se-me a alma
destroi-se os caminhos palmilhados
nas escuras tempestades.
São duras e amargas agora as palavras
a folha cai na rigidez do vento
a ternura esvai-se aos poucos.
Grito coragem às entranhas da terra
mas a folha desfaz-se aos poucos
nos meu dedos secos à mingua de te esperar.

olho o que resta da seiva do mundo
e ofereço-te um pouco de sangue
da vida que brilha nos meus olhos.

São Gonçalves.

Esqueço a materialidade das coisas
arranco ao corpo pedaços de rosto
pedaços de alma...vazia de sentidos
perco-me em ruas estreitas e gastas
e adormeço na sombra 
de um cansaço furtivo

Já não me importam as mascaras venezianas
albergando trejeitos de mulheres bonitas
ou a dor num olhar maquilhado.

Agarro-me ao que resta dos rostos
que ontem ainda traziam a beleza
pintada de cores azuis
Agarro-me à esperança
tatuada de branco
e poiso no meu corpo despido
de efémeras caricias
o toque nostálgico
do teu rosto.

São Gonçalves.