O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Abraças o tempo e a nascente de palavras
a teimosia agreste ,vertente de sonhos imensos
o passado e o presente cogitando um tempo de novas promessas
o sol,beijando as enseadas,a imensa ternura no olhar.

Regressas no curso das águas
espelhos invertidos aclamando um novo olhar
aquele que esquecestes um dia
e que te falavam de deusas e mitos de renovação

inventas sonhos,a aclamação dos dias
esqueces a dura realidade de uma vida a viver
o rio bravo ,imenso caudal de lutas

recordas ainda assim os rituais
do solstício de inverno
e descansas no abraço da brisa fria de outono.

São Gonçalves.
Não são as decisões que me fariam feliz as mais dificeis de tomar.
São as decisões que fariam os outros infelizes que me fariam duvidar...

São Gonçalves.
Cinjo me aos pequenos pormenores que me acalentam os dias. 
Do resto pouco importa. 

São Gonçalves.
Sei que sou muito pouco ou quase nada...sei apenas que sou uma aprendiza da vida.

São Gonçalves.
Ainda que o tempo te mostre apenas as sombras desenhadas no fumo do cigarro,a tua sombra de mulher solitaria esperando o cavalgar das horas na sala vazia.
Ainda que apenas te vejam a silhueta delicada e imperfeita,o decalque do tempo no teu rosto,as palavras mal pronunciadas,ou,os silencios eternamente prolungados,inquietos,fugidios...
Ainda que de ti apenas vejam o lado sombrio....a marca do pecado ou a fragilidade das sombras...
Ainda depois de tudo isto
Acreditas nas luz que brilha distante dos holofotes do mundo.

São Gonçalves.
Nem todos os dias são de poesia, mas cada dia pode ser um poema onde as imagens embelezam as horas.

São Gonçalves.
 
Alonga-se silencioso o tempo num espaço vazio
a alma alberga historias despida das vaidades do mundo.
Deita-se junto ao mar,acalenta desejos invisíveis
Traz no corpo farpas de sentimentos perdidos
e espera o dia de amanhã num azul ainda mais vitorioso.

O que passou foi uma tempestade que arrancou ao mundo
desejos inconcebíveis de amores perdidos
o tempo não se compadeceu das lágrimas
arrastou com ele as memórias
os gestos,a imensa nostalgia do orvalho
da manhã.

O coração rasgado,empobrecido
submerge em vagas silenciosas e calmas
nesta manhã vaga de sentido..

São Gonçalves.
Caminho nas palavras esquecendo os desencantos do mundo
Dores albergadas nos calabouços da eternidade
luzes iluminando os recantos das pedras.
E das palavras germinam flores
enunciadas no coração da pedra
na imensa vontade de renascer do pó dos dias.

Arranco aos poucos as mascaras da mera existência
corto com laminas de sentimento
a nostalgia dos dias...

Corro para dentro,e só para dentro das palavras
o caminho encontra um sentido.
Já não calo as dores
estas e as que trago num universo
de silêncios escondidos à mingua de palavras.

Os dedos não se cansam de dedilhar
o capricho dos silêncios
num amontado de símbolos onde me revejo
morro,renasço,sinto.

Desfaço as mascaras todas
as de pedra,as de luz
as do medo.

Volto-me para dentro
e só para dentro me sinto mais mulher
na penumbra ancorada nas margens de um poema
na luz emergente que se faz ao mar
ao mar de significados
num poema espelho da alma.

Não me peçam a perfeição da palavra
porque é de retalhos de pedra
que construo a magia da alma.

São Gonçalves.
Tudo se confina aos abismos onde os traços se perdem
Dizias-me da luz,e eram negros os gestos
dizias-me de rostos iluminados de sorrisos
e eram negras as mascaras
que brilhavam na luz do dia.

Agarro-me à superfície da pele
e amanheço apenas na lembrança
de um sorriso luminoso.

Das mascaras de negro
atiro-as ao tempo
e sigo novas rotas afasto-me dos abismos.

São Gonçalves

domingo, 8 de dezembro de 2013

Foto-Antonio Antonio Mattozzii.

Amanheço na calmaria de um mar negro
nas longas vagas estendidas num leito 
de sombrias e imperiosas palavras.

Alcanço o sonho ,mas não o sinto
no tactear das manhãs.

O céu alberga a horizonte o nascimento
da luz na palma das mãos.
Sinto a brisa leve acariciar as cores ténues
fragilidades dispersas na imensidão do mar.

Mar negro que me embala
e me desperta da sonolência das horas incolores.


São Gonçalves
Sente se a palavra e o silêncio, sente se o mundo inteiro dentro de nós neste espaço confinado nos recantos do nosso exíguo corpo. 
Sente se ....apenas a serenidade das árvores maduras. 
São Gonçalves.

Chegamos a temer as palavras que gritam no fundo da garganta.
É preciso amar o silencio da alma,para alterar a rota da vida....da imensa descoberta que se faz na noite procurando a verdade.

São Gonçalves.
Tela- Edite Melo.

No coração do mundo sangram ainda dores antigas
mas é de luz que se reveste agora as paredes da alma
sorrisos de cor exuberante entraram pelas frinchas das casa

o branco já não é a palidez da pele
mas a paz que se aloja aos poucos nas esquinas dos dias

queria amanhecer no teu regaço de luz.

São Gonçalves.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Tela-Edite Melo.

Abraçam-me os dias nas cores múltiplas do universo
a grandeza das constelações espelhada na alma
aglomeram-se emoções,o espaço da alma 
colorido de cores fantásticas.

Não vislumbro ainda a paz dos dias sem pena
são explosivos os sentimentos
que rasgam agora a maciez da pele
percorrem sem medos os recantos do ser

sabem das pequenas angustias
que se escondem nos recantos
e sabem do amor que renasce
na luz clara das madrugadas

se eu te dissesse que habitas em mim
nesta luz clara que atravessa o tempo
o espaço,a cor da terra e do mar

se soubesses que rasgas o sonho
onde me deito nas noites de insónia
e eu sinto o abraço que acalenta os dias
nesta explosão de cores
um espelho de terra ,de mar ,de universo
de estrelas luminosas enlaçando a escuridão

e tu que me trazes no olhar a cor do mar
o turquesa da paz tatuado na pele
e eu sinto a imensidão do mundo
beijar-me num único olhar
num único sorriso ,onde me repouso
das lutas internas

se soubesses que um arco-íris rasgou o céu
na tempestade nascente dos sentimentos
em turbilhão.

São Gonçalves.
Foto-D.M.


Da beleza da terra a força da natureza
exuberante e silente
o rio que corre pelas encostas
a vida transbordando de ternura
a palavra que se detém
o gesto que acaricia
o sorriso
um raro momento de comunhão
o sol brilhando para lá de tudo
enaltecido no incandescente
passar do tempo
um abraço de luz
uma voz ausente
a precensa inequivoca das marés
o mundo que se aproxima
nas palavras
e a lonjura que nos faz
sempre
poetas da alma
a que partilhamos no mundo
e a que guardamos
em cofres secretos
a mudez dos gestos
e um mundo inteiro
a nossos pés.

São Gonçalves.
Caminhos percorridos sem medo
a pressa de chegar a algum lado
a lado a lado nenhum

Luzes artificiais iluminam os passos
veloz o pensamento
o túnel de incontidas angustias
a correria infinda
dos dias sem fim

Grito coragem na voraz pressa
e a vida tão quieta

pergunto o que me espera do outro lado do mundo
e na correria apenas vejo
a pequenez das coisas perecíveis.

Paro,olho ao redor,os muros silenciosos
calam as palavras
não sabem de que desesperos se vestem a corrida.

de tudo,de nada
de imensos vazios esperando o fim da estrada.

São Gonçalves.
Digo-te as palavras certas
as que correm nos caudais silenciosos
de um poema por acontecer.

Arranquei às estrelas a luz brilhante
e acordei em mim a claridade das manhãs

A silenciosa marca da saudade
esconde-se nos espaços da lua

o meu corpo transforma-se em dia e noite

abraço o dia de amanhã sem penas
as mãos tatuaram no meu corpo
a marca da nostalgia sem fim

nada me detém neste caminho cinzento
a raridade da luz some-se nas entrelinhas
das silentes palavras.

Diz-me que te sentirei sempre
no mesmo lado do meu corpo
onde um dia te embalei..

São Gonçalves.