O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Olhar para dentro de nós

contemplar o silêncio

... e o vazio das coisas

o nada.



E de nada se volta

ao recomeço

a infinita pureza

do vazio.



As vezes também somos um mundo

na silente vertigem do abandono.


São Gonçalves.

1 comentário:









  1. Isabel Silva Um planeta sem vida, ainda por descobrir, explorar, povoar... de igual forma se encontra o interior do ser humano. Fases da nossa vida, estações que necessitamos de recolher, permanecer isolados na gruta tal como os ursos para passar o inverno, ou mesmo até as aves migratórias, trocam uma parte do céu por uma outra, mais quente. Nesse vai e vem, fica uma parte desabitada, onde a cor púrpura acinzentada invade a nossa alma e a faz meditar, uma espécie de retiro espiritual que as santidades ou pessoas ligadas à religião costumam fazer. Algo que faz parte, do qual necessitamos para assim a balança se manter equilibrada ao começo de Março. O silêncio torna-se o lençol que cobre a nudez do corpo, a cama em que deitamos esse mesmo corpo, tende a alargar, o espaço envolvente, talvez por se encontrar desabitado torna-se cada vez maior aos nossos olhos. Um vazio que emerge a cada minuto, como companhia podemos sempre contar com os nossos pensamentos moribundos, como embriagados de beira em beira, sem nexo, sozinhos num vazio sem calor, frio ou qualquer outra sensação. Perdemos-nos nas dunas dum deserto infíndo de difícil travessia, os abutres sobrevoam a nossa cabeça, como nuvens num céu tumultuoso. Porém tudo isto é necessário, desafios que a vida lança, como um jogo,... testar o inconsciente, procurando o auto conhecimento, saber interpretar o manual de instruções, todos nascemos com um, e quanto mais crescemos, mais botões são adicionados para diversas funções que vão surgindo ao longo da nossa caminhada. Por fim, um pequeno raio de sol, trespassa a fissura incutida na gruta, sinal que a primavera está a chegar, tempo de sair do casulo, como a borboleta, vestir as melhores cores da emoção e despertar para a vida com toda a liberdade que brota do nosso coração. Procurar um terreno e cultivá-lo, cuidar dele e colher os frutos em Setembro. O ciclo passa depressa, não tarda voltamos ao inverno, o tempo não compadece de ninguém, é um grande atleta, sempre em excelente forma física... não pára! Uma vez, já no exterior nossos olhos se deslumbram com a beleza das cores, do som, das formas físicas, da luz, dos sorrisos que esboçamos, ouvimos música, sentimos a fragrância das primeiras flores espalhado no ar. Tudo novo, uma sensação única de renovação, uma força inexplicável impulsiona-nos para a linha da frente, chega mesmo a empurrar como obrigar a dar os primeiros passos, tal uma criança de tenra idade, que a todo custo teima em gatinhar, pois tem receio de não conseguir caminhar sozinha, muito embora a vontade de conhecer o desconhecido seja uma verdadeira tentação, deveras aliciante, mas ainda assim teme os perigos que possam surgir, como o lobo mau no bosque que troca as voltas à capuchinho vermelho . Vou ficar por aqui e cortar um pouquinho as asas da minha imaginação... Beijinho São.

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