De que resta do tempo nas linhas do corpo
nesse caudal de dores invisíveis
tão vincadas nas rugas do rosto
dessas amarguras sem tempo
nascidas de um ventre,tantas vezes violado
com força,sem medo nem preconceito.
Do tempo em que as hemorragias
eram caudais vivos a jorrar do teu corpo
na violência da idade
apenas travadas na fecundação da vida.
De que resta desses homens que carregaste no ventre
e no colo, desses seres que te roubaram as noites
a calma dos dias,o sossego do corpo.
Esses que te vendem,que te batem,que te exploram
debaixo de poderes sem nome,de culturas seculares
esquecendo o calor do ventre,a meiguice do teu colo.
De que resta de ti,de mim,da nossa condição
dessa força emanada das mais profundas crenças
da matriarca do mundo...
Resta apenas o silêncio e a incompreensão
a dor e a revolta dos dias da desumanização!
São Gonçalves
—
nesse caudal de dores invisíveis
tão vincadas nas rugas do rosto
dessas amarguras sem tempo
nascidas de um ventre,tantas vezes violado
com força,sem medo nem preconceito.
Do tempo em que as hemorragias
eram caudais vivos a jorrar do teu corpo
na violência da idade
apenas travadas na fecundação da vida.
De que resta desses homens que carregaste no ventre
e no colo, desses seres que te roubaram as noites
a calma dos dias,o sossego do corpo.
Esses que te vendem,que te batem,que te exploram
debaixo de poderes sem nome,de culturas seculares
esquecendo o calor do ventre,a meiguice do teu colo.
De que resta de ti,de mim,da nossa condição
dessa força emanada das mais profundas crenças
da matriarca do mundo...
Resta apenas o silêncio e a incompreensão
a dor e a revolta dos dias da desumanização!
São Gonçalves
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