O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 4 de outubro de 2015

Entre o o turbilhão dos dias, a angústia da noite, há um espaço vazio, um azul a despertar os sentidos do lado de dentro da alma. 
Esse espaço de lucidez memorizado, um espaço de luz a observar o mundo. 
É aqui que aquieto a imensidão de pensamentos, essa amálgama de vida e de sons. 
São fugases os momentos em que desperta me deixo embalar nesse espaço subtil da alma, essa imensidão de nadas onde flutuando me deixo abraçar da luminosidade do universo.
Resgatada do mundo e dos seus mais ancestrais medos e sombras, sou o silêncio e a voz do meu mais intimo despertar.

Sem medo, regresso ao mundo das sombras, ali onde a tonalidade do azul escurece e o corpo perde a leveza
do vazio.
São Gonçalves.
Tela - Edite Melo
Pelos subúrbios da poesia me perco 
Com esta dor do mundo agarrada 
Nos frisos do rosto 
Cansado, dorido 
Vincado de incompreensão. 

O grito mudo , silenciado nas esquinas de um poema

Os homens loucos, abraçam ideias. Preconceitos
O medo a escorrer -lhe na ponta dos lábios, o sabor do sal queimando as palavras.

Pelos subúrbios da poesia me perco
Me encontro e me entrego
No limiar de uma luz
A pairar nas crateras da minha solidão.

São Gonçalves.
Amanheço no coração da cidade
Abraço as ruas, as vielas
Adentro-me nos finos traços
Arquitetura mural de amores nascentes
A saudade é uma deusa que caminha
Nas margens de um rio imenso
Lisboa, amada
Lisboa pintada de cores suaves
De folhas outonais
Ou a quimera de uma cidade
Cansada
Imersa em águas de desalento
Imagem viva dos poetas
O cansaço de Álvaro de Campos
Ou desassossego de Pessoa
Ah Lisboa de mil cores
Mil caminhos virados para o mar
Lisboa do sol brilhante
Da luz inigualável!

São Gonçalves
Oscilações várias do pensamento me trazem ao olhar nuances de um dia vencido. 
Se pudesse albergar todas emoções, seria um imenso oceano de águas de um azul acinzentado. 

São Gonçalves.