O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

terça-feira, 25 de março de 2014

Sorriso de mil rostos.

De encontro ao mundo que me rodeia
acolho todos os sorrisos nas minhas mãos abertas
Vindo de horizontes lonjinquos
ou da casa aqui ao lado,o teu sorriso
confunde-se na multidão.

Gigantes as cidades de mil rostos
de mil cores,de mil raças
contextos de vida imensos e impenetraveis.

O sorriso aproxima-me na delicadeza dos gestos
como uma mão que se toca
aquela que nos faz sentir as vibrações do corpo
e o sorriso que me aproxima da alma
o rosto dos seres em constante mutação.

Brilham os olhos de tanta luz
O teu e o meu sorriso na diversidade
da cultura e da cor.

Sourire aux mil visages.

Vers le monde qui m'entoure
Je salue tous les sourires dans mes mains ouvertes
Venant d'horizons lointains
Ou de la maison à côté, ton sourire
Fusionne dans la foule.

Villes géants ou mille visages
Mille couleurs, mille races
Contextes de vie immenses et impénétrables.

Le sourire m'apporte la délicatesse de gestes
Comme une main qui touche
Celle qui nous fait sentir les vibrations du corps
Et le sourire qui me rapproche de l'âme
Le visage des êtres en constante évolution.

Brille le regard, autant de lumière
Le tien et le mien, dans la diversité
La culture et la couleur.

São Gonçalves.
Cubro a face para que não se vejam as cicatrizes do dia
inquisidores os gestos aglomeram-se em cadencias des-ritmadas
tento fechar os olhos,mas não consigo
a duvida paira no ar ,sem respostas,viro-me,reviro-me
aquieto o corpo num mar salgado,
e a duvida permanece,resistente,inquieta.
Deixo o tempo passar,deixo os silêncios vestirem a nostalgia do vazio
e de rosto coberto,esqueço as perguntas
sem nunca ter sabido as respostas.

São Gonçalves
Quando amanhecer soltarei o véu das incertezas e vestirei de novo a alba e transparente capa do esperança e dos sonhos.

De negro se vestem as noites.

São Gonçalves.
 
Por momentos, apenas por momentos, tudo se cala, tudo se esquece.
Um segundo e o silêncio se faz ausência, o corpo sombra da grandeza do mundo , obedece apenas ao desencanto do coração.
Mais tarde perceberá que serão precisas muitas lágrimas para alagar todas as esperanças.
Por agora apenas quer sentir aquele momento tão intimo, tão seu, tão dentro do seu próprio corpo silencioso.

São Gonçalves.
 
Mergulhas na penumbra das árvores
No leito abandono do meu corpo
O tempo passa, a voracidade de um dia tecendo agasalhos de luz.
Ou talvez de escuridão. 
Dói me a lembrança do que ainda não me pertence
O abandono ainda é uma quimera de sonho.
Entre pelo sonho ,ou é o sonho que se adentra nas minhas mãos exaustas.

São Gonçalves.
Soltam se as palavras em tímidos voos. 
Partem na correnteza dos ventos procurando novas paisagens. 
Partem despidas do abrigo que as acolheu. 

São Gonçalves.
Tela Edite Melo

Envolveu-se num longo e intenso abraço
os corpos mudos de palavras
apenas as emoções se tocavam
compactas...intensas
a fusão dos corpos
a terra o barro
o molde da vida renascido
nas cores cuidadosamente escolhidas
na palete do artista.

O germinar do amor
a nascente do rio vermelho
o corpo físico
e a dimensão transcendente da alma
perdidamente entregues
num abraço pleno de vida.

São Gonçalves
Foram tantas as vezes em que calei as palavras, porque dentro delas continham imensa claridade, ou imensa escuridão. 

São Gonçalves

domingo, 23 de março de 2014

Se souberes olhar e ver
Todas os vazios e todas as plenitudes
Todos os medos e toda a coragem
Se encontrares aí o meu rosto
Encontras a minha solidão
A minha gratidão
A minha alma.

São Gonçalves.
Por vezes absorvo sonhos através da pele e na ausência de lágrimas próprias escorrem-me da face na transpiração dos dias de chuva...
Jc Patrão

No prenuncio da primavera acordo na maciez da pele
na hibernação dos dias cinzentos
Intensa a chuva ainda cai
e com ela as lágrimas de que me esqueci
no tempo das emoções transparentes.

Em dias de chuva espero
os sonhos germinando o futuro.

São Gonçalves.
Antes de ser deserto... fui o teu vício.
Flauta de Pã

Azul o céu onde te perdias
o corpo envolto em sedas 
azuis sempre azuis
como o mar onde te perdes-te

e de repente o silêncio
a voraz passagem do tempo
o deserto seco
implacável

a mudez impenetrável
da ausência.

São Gonçalves
FotoDila Sá.

Da terra distante a imensidão do mar espreitando a horizonte
a calmaria das águas beijando a areia 
e o tempo das flores florescendo em aromas inesqueciveis do passado
olho sem cansaço o balouçar das ondas
o encanto imperceptível com que tocam o céu
e vejo tanta ternura descansando nos braços das nuvens

chamam-me pelo silêncio com que as nomeio
anseio toca-las na sofreguidão dos dias
conhecem a saudade com que visto cada manhã
e cansaço das noites galgando a esperança

a memória é por vezes ingrata,
mistura imagens e despenteia os cabelos dos dias
anseia tocar um pedaço de mar
e apenas sacia esta sede de maresia
na infinita imaginação que se desdobra
na plenitude das palavras.

São Gonçalves.
Dizes me do toque que falta, eu respondo do sentimento que preenche.

São Gonçalves.
 
Sou apenas uma sombra ínfima perdida no tempo. 
Poeira de uma estrela perdida na complexidade galáctica. 
O presente de um Deus distraído ,uma mão aberta às palavras que alimentam as árvores procurando a luz de uma estrela maior. 

São Gonçalves.
Não sei se é de azul ou de cinza este meu tempo. Não sei se é de mar ou de rocha dura o passar dos anos.
Não sei se sinta ou se esqueça.
Não sei!

São Gonçalves.
"Essa luz que das tuas palavras se desprende,
esse amanhecer febril do teu leito no meu ser,
a suave ondulação da semente no meu ventre,
cuja brisa exala a fragrância do sorriso, 
é o manto diáfano com que me guardo para o sono."

Margarida Afonso Henriques

Amanheço no teu corpo imaginado desejo
as cores de colibri cruzando o tempo
o vento sopra-me segredos
tantos os silêncios ,desvendados

amo-te ainda na penumbra das giestas
grito a dor que me fere o peito
e morro na beleza de um cântico
tal pássaro ferido
sei-te ainda em mim,nas noites do tempo.

São Gonçalves.
"o coração continua a cantar a música de que se esqueceu"
Flauta de Pã.

Tocam violinos no teu corpo
arrastam se vagarosamente na areia 
do bater das ondas na memória.

e a melodia que vibra no espaço é o som do coração
timbre na orla do meu vestido.

São Gonçalves
Revelo a minha alma ao tempo
Prolongando a aceitação do corpo no espaço
Agarrando os carris despojados de afecto
E dos prazeres que enfraquecem a mente
No Intenso naufragar na própria alma
Emaranhada de suicídio na frágil luta pelo belo.

E na nudez do olhar temporal de piedade
Desmaiando na poesia o áspero sentir
Dos raios de sol por testemunhar
Na composição emergida a duas cores no interior
De um templo que se queria florescer...

Desmesurada a enequivoca fragilidade do corpo
a nostalgia bordada nos contornos do espaço
um imenso temor da vida
gravado nas correntes profundas da viagem.

No teatro da vida o desespero
é também um poema no limiar da esperança
belo e perturbador
atira-se para o palco a nudez sem nome
o trágico do mundo ali exposto
num suicídio imaginado pela mão do poeta.

Não levantes o rosto enquanto eu escrevo estas linhas
abraça o abismo que se se abraçasses o mundo
aceita o papel já amarrotado do desencanto
e deixa o poema vibrar num intenso pulsar de vida
como se fosse libertar os medos
que guardas na beleza de corpo nu.

Arcano Lilàs&São Gonçalves.