O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

sexta-feira, 30 de março de 2012

Foto-Hengki Koentjoro II

Espero,espero neste patamar do tempo

silencioso o ar que respiro

calma e imutável a água ,as nuvens

a neblina densa que envolve o horizonte
...
cinza a presença constante

a duvida dilacerante ,suspensa

nos pingos da chuva.


Pergunto ao vento

como nascem e morrem as estrelas?


E o vento soprando na manhã clara

silencia-me segredos

arrancados ao firmamento

a magia constante

dos dias,das horas

a indelével marca da presença

da magia ,dos temores ancestrais

do divino encanto de nada se saber

Inconstância perceptível marcada

a frio nos dias que passam.



Tudo é igual ao dia de ontem

tudo é sossego nesta paisagem morna.


O firmamento imutável ,e denso

não mostra toda a sua luminosidade

nem a magia da alteração constante das cores

dessas pinceladas miticas

essa magnificiencia intrincada

de cores e reflexos

alterações nas mãos de um pintor divino.



São Gonçalves

terça-feira, 27 de março de 2012

Pronuncio de saudade.

Há um segredo
nos fins de tarde
que se deita
sobre o Tejo.
É um sonho ...
a despertar
nas pontes
... que atravessam
o meu desejo.

Há um prenúncio
de saudade
rasgado nos céus
do meu pais.
São memórias
sem idade
navegando
no Tejo
que revi.

Há uma cidade
adormecida
no leito
de um rio
cantado
águas calmas
estendidas
espelho
de um país
ainda amado.


São Gonçalves

domingo, 25 de março de 2012

Guardo os silêncios em paginas abertas

num livro escrito há muito na solidão

com que vestia os dias de inverno.

... É tão difícil esconder a nostalgia

que rasga a pele nas silenciosas noites

o corpo libertando o cansaço

as mãos tremulas denunciam a vontade

de partir nas entrelinhas de um poema.

Voltar ao tempo ,a este novo tempo

onde as promessas iluminam os dias

e o céu claro ilumina o olhar.


Bebo da luz imensa do céu

a claridade infinita, o azul claro

iluminando o tempo apressado

nas linhas das minhas mãos

e a memoria já gasta sumindo-se

na curva das nuvens que ainda resistem.

A cidade enche-se de sons,de palavras

de gente caminhando para uma nova estação

eu cruzo-as no tempo,no espaço

compreendo os gestos,os risos

esqueço o olhar de desdém

com que olham um rosto desconhecido.

Contemplo de novo as palavras

gritos mudos escritos no silêncio de um livro

elevo o olhar ao céu

e parto nas asas de um sonho

ainda por inventar.


São Gonçalves

terça-feira, 20 de março de 2012

Planicies de luz.
 
A queda de uma pena
silenciou qualquer ruído
nos cantos da sala
reflexos brilhantes
vibrações constantes
corpos suados
... a magia eterna
dos amantes
bocas entreabertas
Demónios da mente
que se evaporam
no calor da luz…
um arco-íris
de mil cores
a rasgar o céu
raios brilhantes
cores em catadupa
iluminam quartos vazios
de silêncios
almas saciadas
contemplam
o horizonte…
…Planícies plenas…de luz…
Será falsa realidade
ou
P
R
I
M
A
V
E
R
A
que me invade
nesta manhã luminosa
liberto de
todos os ecos…
entrego o corpo
ao sol
e
numa voz suave
Sussurro
livre do Inverno
que me perturbou
os sentidos
viro as costas
as brumas do passado
a minha mão
surge do silêncio
do corpo
que desperta
ao som
de uma cotovia
contemplo o céu
Rimo com ele…
um veemente adeus…”

Jc Patrão /São Gonçalves

domingo, 11 de março de 2012

Porque me faltam as palavras para dizer-te da distancia,
sem nada ver para alem deste céu azul,deste mar calmo
deste inconfundível silêncio que cresce por entre as barreiras
entre o tempo e o vento que sopra de mansinho
beijando os traços das nuvens num céu que agora vejo
mais claro.
Porque teimo a voar,cruzar a luz deste meu pensamento
que tanto tempo se quis ausente.
Temeroso o desejo de te ver chegar,sem nada para te oferecer.
Canto um cântico novo,embalando a cidade,
sinto de novo a frescura da manhã invadir os espaços
e vejo-te chegar.
atravessas o tempo o espaço,solitária a viagem
sem nada ver,sem nada pensar
carregas silêncios que são só teus,palavras secretas
fechadas na palma das mãos.
Chegas-te a mim em crespuculos de saudade,
num tempo em que maduros os sonhos
se desprendiam do corpo já gasto .
Adormecemos os corpos em leitos cor de purpura
e o sol dizendo adeus já não nos queimava a pele,os sentidos
partia na linha do horizonte,na frescura do mar sentido.

São Gonçalves

domingo, 4 de março de 2012

Já não desço as montanhas

já não sulco a terra

do centro das entranhas

... sou hoje o caudal denso

e farto de um rio

a serenidade das águas

na meia estação

vestida de verde

esperança renascida

correntes intensas

no sopé da vida.

São magestosas

as pontes que me abraçam

passagens aérias

nos céus desta cidade

e do casario plantado

nas margens do meu leito

cores vivas do mundo

erguidas nas encostas

do meu rio

pedaços de gente

fragmentos de tempo

memórias sem idade.

E a foz ali tão perto

águas mansas

abraçando o mar

e a paz

no convés de um navio

invisível da terra

neste meu longo

caminhar.

São Gonçalves

sexta-feira, 2 de março de 2012

Esqueci-me do tempo

das memórias

despi-me dos medos
...
... das vestes antigas

e adormeci.



...não mais acordei

neste corpo antigo...



sou estátua viva

vestida de luz ,

não rezo

orações estéreis

não sigo

os rituais da cruz.



...sou a figura antagónica

de um rosto adormecido...



A lucidez do mundo

carrego nas veias
a dor estagnada

e a vontade

de ser gente

num mundo

de silêncios

ausentes.

São Gonçalves.

quinta-feira, 1 de março de 2012

o.Em Spellbound.

A liturgia do tempo.


olhou devagar no profundo mar dos meus olhos

navegou neles numa viagem vagarosa

... subtil nos gestos ,nas ondulações do pestanejar

os sentimento ancorados num porto qualquer

longínquo,como era o seu pensamento.

Ali diante de mim,num pequeno segundo

perdido no tempo sem relógio

construía cidades novas,novos mundos desconhecidos.

Não interessava o espaço ao redor do seu corpo

o sons da cidade calavam-se

era ele apenas na escrita de um novo destino

desenhado no porto seguro do meu olhar.

Lia-me devagar,sem pressa

viajava nas emoções que o seu corpo franzino

lhe pertencia evocar

e,evocando uma nova história

abria os olhos, os olhos brilhantes

esboçavam um sorriso confiante

e lia-me na liturgia das horas

no seu tempo abstracto e mudo

na nitidez sem fim ,escritas em palavras

vocábulos do seu mundo inocente de criança.


São Gonçalves.