Haveria de rasgar os céus na clara luz da manhã
cortando os ventos gélidos que sopravam do norte
e cantar cantico agudo no ouvido da desventura
...
seria a raiva ,a dor soltando-se do corpo
como se esvai a vida na sonambula amargura
de um pássaro ferido.
Haveria de contar as horas de eterna procura
as tempestades abrutas agitando o coração
do rio desgovernado e descer,descer bem fundo
as profundezas da alma ,esquecendo o corpo
como se esquece a infância nas horas sombrias
de uma vida perdida.
Haveria de esquecer os dogmas de fé
caminhos juncados na memoria da infância
não seriam os deuses que semeariam
no seu coração o desencanto
mas os homens ajoelhados em preces
soltando da boca palavras ocas
julgando os outros sem saber
das origens profundas das coisas.
Haveria de silenciar o mundo ao redor
de gritar no silencioso templo em que rezava
o seu modo,o seu hino,a sua busca
Haveria de gritar ao mundo
LIBERDADE.
São Gonçalves.
Simplesmente lindo este poema,uma suave e melancólica tristeza que embala a alma.
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