O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 14 de abril de 2013

Podia escrever sobre os rios que correm nas entranhas da terra
sobre os amantes que se beijam ao luar
nas noites quentes de Agosto.
Podia escrever a solidão serrada
a dor marcada nas entranhas da fome.
... Podia calar a voz e amordaçar o desejo de liberdade
escrever sobre ti sobre mim
a indiferença dos gestos,o silêncio das horas vazias.
Podia escrever em vários dialectos a caminhada das palavras
e mesmo assim sentiria no peito a fragilidade dos gestos .
Contemplaria as palavras com um olhar novo de espanto
caminharia no poema com passos de lã
e adormeceria no regaço da esperança
esperando serenamente o acordar de uma nova manhã.
 De palavra em palavra, de poema em poema
seria sempre um caudal imenso a deslizar no leito das emoções
e colheria de cada um deles o mel da ternura guardado em ânforas de saudade.

Ah! e no vento das imensas colinas
haveria sempre de bailar no desejo infinito de ser um espírito em liberdade.

 São Gonçalves

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