O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Caminho nas palavras esquecendo os desencantos do mundo
Dores albergadas nos calabouços da eternidade
luzes iluminando os recantos das pedras.
E das palavras germinam flores
enunciadas no coração da pedra
na imensa vontade de renascer do pó dos dias.

Arranco aos poucos as mascaras da mera existência
corto com laminas de sentimento
a nostalgia dos dias...

Corro para dentro,e só para dentro das palavras
o caminho encontra um sentido.
Já não calo as dores
estas e as que trago num universo
de silêncios escondidos à mingua de palavras.

Os dedos não se cansam de dedilhar
o capricho dos silêncios
num amontado de símbolos onde me revejo
morro,renasço,sinto.

Desfaço as mascaras todas
as de pedra,as de luz
as do medo.

Volto-me para dentro
e só para dentro me sinto mais mulher
na penumbra ancorada nas margens de um poema
na luz emergente que se faz ao mar
ao mar de significados
num poema espelho da alma.

Não me peçam a perfeição da palavra
porque é de retalhos de pedra
que construo a magia da alma.

São Gonçalves.

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