O silencioso canto das aves migratórias
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Como contar o tempo marcado nas linhas do rostoDesses fios de dores invisíveis;
tão vincadas
dessa amargura nascida de um ventre
tantas vezes violado
com força
sem medo nem preconceito.
De que é feito a semântica da juventude onde as hemorragias
eram caudais vivos a jorrar do teu corpo
na força da idade
apenas ausentes na fecundação de uma vida nova..
Em quem se transformaram homens que carregaste no ventre e no colo, desses seres que te roubaram as noites
a calma dos dias, o sossego do corpo, o desassossego da vida!
Homens que te vendem, que te batem, que te exploram, que te calam
Usando poderes indizíveis, protegidos por culturas seculares
esquecendo o amor, a doce ternura do teu colo.
Em quem te transformaste mulher. O que fizeram da tua condição
dessa força surgindo das mais profundas crenças, do sagrado útero
da matriarca do mundo...
Sobra-te o silêncio, a invisibilidade.
A história a repetir as marcas do patriarcado.
São Gonçalves
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