Era do ventre da terra que nascia aos poucos como quem tem medo de enfrentar a luz do mundo.No entanto trazia com ela toda a clareza e o brilho de quem ainda nada conhecia dele.
Acariciava a terra devagarinho,sentia.lhe o cheiros e os sabores.e deslizava de mansinho por entre as curvas novas do seu corpo ainda por explorar.
Trazia no fundo de si a dor de quem já sabe tudo da vida,mas escondi-a no seu coração.Queria ser livre e descer as encostas de mansinho ,sem pressas,sem temores,apenas a vontade de crescer livremente nas serranias e ser fruto suculento nas margens de algum viver.E as árvores novas e antigas saudavam-na a sua passagem,matavam a sua sede nas gotas que lhe saciavam as raízes,e só isso bastava-lhe para ser presente nas entranhas da terra que a viu nascer.
Temia muitas venzes o vendavais que furiosos a atiravam para fora dos seus limites,mas temia muito mais a nostalgia dos tempos em que ainda era um pequeno riacho que brincava subtilmente por entre a folhagem densa e desconhecida.
As entranhas fecundas da terra,nem sempre era um leito doce e sereno por onde gostava de deslizar,havia muitos obstáculos a enfrentar e do húmus da terra que escondia o terror dos seus dias a desviava das rotas a conquistar.
E descia as serras ,deslizava de mansinho nos prados e voltava a ser força e coragem quando os ventos enfureciam o seu percurso,não temia as quedas,era então beleza e força ,luz e escuridão.
Misturava-se com as pedras e explodia nelas com força de um vulcão.
Depois quando já calma das quedas deixava-se deslizar num leito de águas calmas,namorava o sol.e a lua,vestia-se das matizes coloridas das flores que via passar,e era um rio nascente de luz e esperança correndo por entre as pedras no seu silencioso caminhar.