O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Escrevi o silêncio em longas noites de insónia
amei-te nas paginas de um livro
onde repousavas ,sem rosto para te tocar
Alberguei ausências,tantas ausências
no meu corpo de mulher
trazia-te sempre comigo,nos dias quentes de verão
nas longas noites frias de inverno.
Bem sei que um dia desapeguei-me
cortei todos os laços que ainda me prendiam ao passado
chorei lágrimas negras de dor
guardei sentires para sempre em sótãos .
Senti durante anos a tua ausência
o peso das memorias depositou na minha boca
um gosto amargo de fel.
Dizes-me agora com a tua voz frágil que te esqueci...

Se soubesses...se ao menos pudesses sentir
que a lonjura foi o equivoco de tantas ausências
das minhas...das tuas...dos laços rompidos
aos poucos .
trago-te ainda colada ao meu corpo
nesse fio invisível que nos uniu
e que nos unirá para lá deste tempo.
Silencio as palavras ,arranco ao rosto
o meu melhor sorriso
e entendo nesta minha alma de mulher
o desencanto dos teus dias sofridos.

Imensos estes signos que nos afastam aos poucos
imensos e dolorosos os corpos que se afastam
da matriz do mundo.

São Gonçalves.

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