Não é de inquietação as luz dos meus olhos
esta maresia crescente no céu da boca
este acordar devagar nas madrugadas
despe-se em mim todas as sombras
os gestos inúteis
com que tatuei os silêncios
o livro que escrevo é uma metáfora de vida
o silêncio já não tem nome nem morada
e eu apenas clamo o teu nome
derramadas as vozes cortantes de ironia
finjo que não sei o nome das coisas
e das palavras interditas
Deixei para trás todas as amarras
essa amalgama de silêncios incertos
e só por isso valeu a pena
o caminho das palavras
num grito libertador e poético.
São Gonçalves.
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