Reescrever as manhãs num poema,
Soletrar o silêncio às gotas da chuva, e olhar o dia com olhos de carmim.
Guardar no ventre o grito da dor, tantas vezes silenciada, e na memória essa infatigável beleza maternal.
Ver -te em todas as coisas
Na flor delicadamente poisada na fragilidade vidrada da luz
Ver -te deslizar na gota de chuva
Na caneca do café
Frio de tanto esperar
Reescrever o teu corpo junto ao meu
Na sombra da palavra
E do desejo
Ver - te sempre do outro lado da janela, da margem do infinito abismo.
Do rio caudaloso de metáforas
Ver - te do outro lado do poema.
São Gonçalves
Sem comentários:
Enviar um comentário