O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Demorava tempo a entender os sinais mascarados de palavras sedutoras
A alquimia das noites escuras, a vertigem alucinante do interesse disfarçado de abraços.
Demorava tempo a fundir-se na noite e ali ficar
a segredar ao ouvido da terra os seus temores,a gritar ao vento a derrota
Demorava tempo ,um tempo que desconhecia o pulsar dos relógios nas paredes
a chuva atravessando os Invernos no seu corpo e ali instalar-se albergando memórias
tatuando a alma de feridas invisveis,suturantes,lancinantes...
Era um tempo em que vivia de olhos fechados,as palavras ,os gestos que percorriam veloz mente
os seus pensamentos,como o som da escuridão que toca profundo e não se vê...
Eram Carnavais disfarçados na serpentinas coloridas,e salpicadas de sorrisos superfulos...eram mundos subtarraneos habitados de catacumbas invisíveis e estéreis..
Demorava tempo,e um dia,quase sem querer,entendia, entendia a luzes ofuscantes e fugazes,entendia o significado das palavras ocas,dos gestos interessados ,onde nunca cabe o tamanho de um abraço doce e eterno.
Entendia o sabor do caminho solitário,o segredo do aroma do silêncio com que gostava de perfumar o corpo e a alma.


São Gonçalves.

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