O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 20 de outubro de 2013

Tela-Edite Melo.

Revivo os momentos em que sozinha percorri caminhos sombrios,e reconheço neles a metamorfose necessária para continuar a caminhada.Dispo-me do negro que teimosamente vestia o meu corpo,e liberto me do fardo desse luto que nunca quis.Luto,palavra pesada de quem carrega uma dor incurável,e eu curei-me de ti. Não que seja pela tua ausência,mas por te saber hoje mais perto de mim do que ontem.
Recomeço agora aliviar-me desse peso,dessa angustia,desse vazio que nunca o foi,Não quero no meu corpo este luto,não o sinto,não o visto.
Nestes caminhos que percorro,vejo agora pequenas luzinhas que iluminam aos poucos os carreiro da alma,pequenas brechas iluminando as sombras,vaga-lumes sobrevoando as margens de um rio que de repente se escondeu do mundo.
Rasgo as manhãs onde desembocam aos poucos os barcos da esperança,de rosto molhado pelo orvalho da madrugada fria,traspareço na neblina ainda febril e tremula,mas resisto,resisto à dor,resisto ao vazio.
Acordo na cidade branda,enalteço a tempestade das horas amargas,teria naufragado se não me agarrasse à doce lembrança do teu abraço...
Sei-te agora mais perto de mim do que nunca,sei-te nas pequenas coisas que me acalmam,nas doces lembranças,sei-te na gargalhada que solto sem querer,sei-te nesta minha vontade de continuar.
Sei-te parte de mim nesta cidade perdida algures,repleta de vaga-lumes luminosos e silenciosos.

São Gonçalves.

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