O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 5 de janeiro de 2014

Tela Edite Melo.

Arrastava os dias e o corpo pelas paredes da casa
negras,negra a alma desfeita depois do ultimo ataque.
Gritava ao mundo a dor,mas ninguém ouvia

nem ela ouvia a sua própria dor.
Já não sentia
arrastava-se sem a esperança que lhe tinham povoado os sonhos...

...às vezes acontecia, acontecia ainda sonhar
no corpo sem dor,na alma liberta das feridas
na luz de um amanhã melhor
sem gritos,sem silêncios,sem brutalidade...


Sentia a vida correr de vagar
escondia-se do medo
haveria de conhecer de cor
a sua cor ,sentir-lhe o cheiro
e haveria de refugiar-se na ternura
de um abraço ausente.


Arrastava a luz do coração
por entre as nódoas negras do corpo
a a esperança de libertação.

O temor enchia as paredes da casa
mas era de branco que vestia
as paredes do futuro
pintadas nas sombras da palma da mão.

São Gonçalves.

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