O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

sábado, 11 de janeiro de 2014

Vi-te chegar tão devagarinho, que quase sumias por entre as luzes que me visitam nas noites em que escrevo palavras soltas ao abandono. Será que alguém lê e as entende? (Penso que serei assim uma espécie de estrela a luzir ao fundo do túnel mas que ninguém vê, nem mesmo se me tornasse céu). Seguem rumos diferentes quando as despejo nesse céu de estrelas reluzentes, que se queixam de tanto céu e pouco sol. A Lua ainda se encontra imobilizada na estação anterior, encalhou na madrugada e as estrelas rumam por caminhos incertos neste mar onde as palavras se gastam e se consomem de tanta dor, tanta tristeza. O amor é já o ponto de passagem para a outra margem. É lá que me encontras se conseguires transpor esse muro de palavras gastas, de vocabulários mais que arrastados pelas marés. Levantei voo rumo ao ponto onde acordámos que faríamos a história nascer de novo e tu ficaste preso no mar alto. Esperas que as musas te assaltem de sobressalto, e não vês que na profundidade dos meus olhos, está uma vida que assenta nos mais altos ideais, rumo a outros mundos onde o abraço se quer sempre laço até ao fim do caminho. Serenar o espírito, encontrar-me entre um e outro mundo que se encosta às margens onde já me encontro, é o início da última jornada.

Espero por ti!

Dolores Marques.

(ÀS Escuras Encontro-te - Editado pela Temas Originais"





Agarra-se a vida com mãos firmes
renasce-se nas noites de insónia
no soletrar das palavras
imensas e generosas ,em rios serenos.

Entendo o mundo nas partículas mais invisíveis
e li todos os renascer nas auroras sombrias e claras.
,As tuas mãos calejadas
já sentiram o renascer das horas em todos os sentidos.
A tua historia não se escreveu apenas em palavras
sentis-te a noite percorrer o corpo
a sensualidade vertiginosa instalar-se nos lençóis brancos
eram rios tumultuosos a desaguar num corpo se mi adormecido
e do sonho escreves-te um livro.
Aprendi o caminho do equilíbrio nas tuas palavras
eram vozes do silencio que me chegavam aos ouvidos
e senti-te na poesia ,caudais de rios transbordando as margens do sentir.
Sentir ,apenas sentir o que não se lê nas palavras
das tuas mãos conheci um novo renascer.

No silêncio da noite a procura ,a imagem de um caminho que tem de fazer
para dentro ,sempre para dentro,às escuras do corpo,àas escuras do mundo
encontros secretos de ser tatuadas na alma
a vertigem na desordem do mundo
na pequenez das palavras jà gastas e moribundas
onde apenas os encontros se revelam furtivos
do outro lado da imaterialidade das palavras.

São Gonçalves.

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