O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Distancia

Arranquei ao poema a luz
Desviei os olhos das palavras
Doridas
Amarguradas
Soletrei nas ausências palavras soltas
Amores desgastados e ausentes
Guardei num baú de madeira
Os sonhos
O cheiro das flores e do feno
O cheiro dos corpos
Da maresia!

A mulher que vejo ao longe, já não me diz nada
Nem dos silêncios, nem do sabor do sal

Entre mim e ela
A invenção da distancia
Alojou-se devagar nos poros.
Rasgou-se a carne e os panos de tanto esperar
Nos olhos desenhou-se o pranto
E a distancia se fez a-mar.
São Gonçalves.

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