O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Apagam-se lentamente as palavras e as luzes
cristalizam-se no tempo sentimentos
as veias escorrendo sentimentos vertiginosos
a folha seca despedaçada na entrada do inverno.
Luzes brancas ao longe
luzes ofuscando o corpo e os sentidos
a penumbra aguardando a claridade das manhãs
e a vida traçada num único verbo.
Mil vezes os braços se estenderam
mil vezes as facas cortaram a solidão dos dias
arrepia-se-me a alma
destroi-se os caminhos palmilhados
nas escuras tempestades.
São duras e amargas agora as palavras
a folha cai na rigidez do vento
a ternura esvai-se aos poucos.
Grito coragem às entranhas da terra
mas a folha desfaz-se aos poucos
nos meu dedos secos à mingua de te esperar.

olho o que resta da seiva do mundo
e ofereço-te um pouco de sangue
da vida que brilha nos meus olhos.

São Gonçalves.

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