O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Seria um momento , sem passado, sem futuro, a cristalização de um agora parado no tempo! A palavra guardada, a metáfora do tempo que se quer único; vivência descontinuada, fragmento de um vazio , o nada!
E suspensa numa amálgama de auroras e de crepúsculos, a vida, parada, exausta, madura. 
Sentia a inércia a ocupar o corpo, as palavras dos livros a espalhar -se pela casa. A dor magoada e sombria nas flores secas de outono. As rosas mortas na jarra, um poema esquecido e sublinhado de Pessoa. O cansaço de Álvaro, o paradoxo de um tempo feito de ironias.
Estas eram as palavras cristalizadas num momento , a ruptura do passado , a beleza gasosa de um tempo fugaz , líquido, efêmero.
Esta era a poesia das gotas de orvalho a cortar a negritude do nada!

São Gonçalves

Foto - Camilo Rego

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