O silencioso canto das aves migratórias
domingo, 22 de novembro de 2020
Depois da casa vazia sentou- se na última cadeira, sobre a última mesa que restou depois da tempestade. Acendeu um cigarro, lentamente, e aspirou com força a última vaga de desalento.Na nudez do espaço, expirou o fumo , com vontade de invadir o lugar de si.
Aquele seria o seu último bafo quente a selar a sua passagem.
Silenciou a voz e os gestos. Desenhou na penumbra o último símbolo do desapego.
Estava ali, só, no último confronto com espaço.
Mais tarde, haveria de por a chave pela última vez na porta, haveria de levantar a cabeça e fitando a luz, contemplar a vida sem vestígios de dor ou mágoa.
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