O silencioso canto das aves migratórias
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Uma particula de sol.
Guardou num cofre o que há muito trazia, consigo: as imagens desfocadas que lhe povoaram os sonhos,
as memórias enfraquecidas ao longos dos anos.
Aprendera que as lembranças eram um peso desnecessário
O que fora, o que havia pretendido ser...
Queria, agora, esquecer os trilhos em que caminhara, os leitos desfeitos e frios dos amores ausentes.
Só o instante presente importava,
mesmo que tivesse de, muitas vezes, arrastar o corpo cansado, entre luzes e sombras, entre palavras e silêncios.
Era assim que vivia, tantas vezes, entre a sombra da memória, o corpo e a voz calados, e a luz que teimosamente perseguia
- Era cem vezes melhor viver nas sombras do dia, no silêncio pacificador e redentor, do que ser a luz que cega o olhar- pensava !
Muito pouco do mundo e dos homens, importava. Tinha conseguido aquilo que procurara durante toda uma vida.
Aprisionar uma partícula de Sol na ponta dos dedos. Alcançar a energia do universo que trasmuta, a força da luz redentora.
Neste sentido, sente- se sempre presença em lugares desabitados, coragem num mundo descrente, calor e luz a atravessar as almas,
e sente-se, um pequeno ponto brilhante nos caminhos dos que consigo queiram partilhar a mesma estrada...
Por vezes, a claridade nas suas mãos será tão intensa que atravessará os pequenos espaços alcançando uma dimensão maior.
Tornando-se um ponto brilhante no infinito,
palavras soltas, guias de novos olhares
dos peregrinos em busca de fé, de cura, de redenção.
E será, também, calor, alento , esperança.
Um abraço que acalma a tormenta.
E será sempre uma partícula de sol, no olhar dos que quiserem acreditar...
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