O silencioso canto das aves migratórias

O silencioso canto das aves migratórias

domingo, 22 de novembro de 2020


 Fechou instintivamente o olhar ao mundo. Os passos silentes pisavam a aridez do tempo . Os dias desfeitos!

Que diferença faria se um dia desaparecesse no horizonte?
Lembrava- se continuamente das velhas lendas bíblicas. Que força teria acompanhado Job na sua descida ao abismo? Da perda?
Os dias continuados, cinzentos! A dor a espreitar silenciosa, o desânimo a instalar- se no lugar da esperança.
Por dentro o vazio. O labirinto da desesperança a tolher os gestos.
Fugia das multidões na hora de maior angústia. Um fio a conduzir para o lugar do nada.
São duras agora as palavras nos seus dedos consumidos pelo desapego.
No seu interior a cidade é vazia, abandonada a todas as possibilidades.

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